Pular para o conteúdo principal

Carta para um obeso

       Cresci, achando que felinos eram vilões. Em meio a situações acompanhadas pela TV, nas quais Tom perseguia Jerry, e Frajola tentava a todo custo jantar o Piu-Piu, ficava fácil alimentar essa ideia - que, hoje vejo, era de uma miopia galopante. Somando-se a isso uma mãe temerosa de que seus filhos - mi hermano e yo - desenvolvessem alergias e demais enfermidades provenientes do contato com os bichanos, estava feita a distância dos peludinhos. Não só isso, claro: estava feita toda uma infância/adolescência achando-os desprezíveis, apavorantes, estranhos e o diabo a quatro. Porém, a vida manda seu recado: eu não estava preparada para Joey...
        Joey, assim batizado por mim em alusão a Joey Tribbiani - o nova-iorquino de alma siciliana menos inteligente de Friends - foi muito petulante na hora de conseguir meu amor e derrubar meus preconceitos - e talvez aí resida a lógica da paixão com que fui atacada tão violentamente na noite de julho em que nos conhecemos. Na ocasião, tinha eu saído de um conhecido mercado na minha cidade natal. Até aí, tudo bem, porém, ao chegar mais perto de meu destino, uns olhinhos carentes - e que pareciam não ver uma comidinha gostosa há um bom tempo -  roubaram minha atenção. Eram do Joey, o meu Joey. De imediato, chamei ele e seus olhinhos de Gato de Botas para me seguirem. E assim foi. Seguimos seguindo grudados até hoje. Eu e minha ovelhinha. Eu e meu gordo. Eu e meu bichano amado. Eu e meu obeso mimoso da minha vida. Eu e um bichinho que aprendi a amar com um amor, de cuja existência nem suspeitava. Amor sempre surpreende, seja lá como for...
         Eu nunca tive gatos - como devem ter percebido - mas sempre fui uma entusiasta dos animais (pequeno porte, leia-se kkk). Só que essa história de ''virar'' mãe de um bichano resgatado do submundo das ruas foi algo que mexeu comigo, honestamente, pois me fez ver que amar é tarefa que nunca se esgota. É como ser desafiado. Joey deve ter olhado para mim como quem diz "e aí, dona, é capaz de me amar e cuidar de mim???" E eu paguei para ver. Eu, que morria de medo deles, me vi acalentando ''um'' todo prosa por descobrir uma dona tão dedicada e corujona. Não tem volta, é isso que está aí. Somos mãe e filho, e, por obséquio, me chamem de pateta: eu descobri que só quem é pateta, é feliz. Ah a única vilania dele para com a minha pessoa é não saber se teletransportar para vir ficar perto de mim...



-Te conheço?




       

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

5 ANOS DE BLOG - PARTICIPE DA PROMOSHARE

Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima:                         #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive