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Mostrando postagens de agosto, 2017

Um pai que rasga encartes de propaganda

Meu pai e eu não poderíamos ser mais diferentes. Eu sou gremista, ele, colorado; Eu gosto de rock e amo um enlatado americano - como ele chama -, ele só ouve música de raiz - como também chama. É tão tradicionalista que chega a dar nojo. Um nojo poético, digamos. Ele é liberal convicto, eu flerto com várias saladas políticas, muito apesar de ter um ímpeto de Voltaire que me seduz. Ele, apesar de ser um baita cérebro, ama uma sessão indolor de Datenas e Rodrigos Faros - este último em pleno domingo, é mole? Já eu prefiro enfiar a cabeça numa betoneira a acompanhar a empreitada. Só que ele entende de arrobas e de bushels , fala de economia e deixa meio mundo calado - já eu, só sei que, felizmente, essas coisas me alimentaram a vida inteira. Perdão por não gostar do que faz seus olhos brilharem, pai. Um homem do campo pai de uma pseudo-patricete-urbana meio desmioladinha... é, a vida prega peças.  Ele é tão canceriano que chega a dar raiva - tão chantagista emocional, tão de lua,

Mãe de pet

Até eu, que eu sou uma doente descontrolada por gatinhos e afins, tenho um pingo de noção ao me intitular ''mãe'' dos meus bichinhos. Por favorzinho, sim? Nós não somos mães porcaria nenhuma - no máximo, tutoras babonas que amam seus peludinhos e zelam pelo bem estar deles, o que não me parece ser digno de medalha. Há tempos, venho pensando sobre isso e tenho me incomodado com a denominação. Mãe de cachorro também é mãe . Mãe de pet é mãe, sim . Qual é? Em maio último, foi uma enxurrada desse tipo de pérola nas timelines que, a duras penas, mantenho. Eu queria me matar. Aí eu fiquei dias e dias matutando: mas será que eu vou ter que escrever uma baboseira das minhas para dizer o óbvio? Que vocês NÃO são mães? Que vocês estão sendo ridículas e egoístas ao saírem se proclamando guerreiras por cuidarem de um animalzinho? Pelo jeito, sim. Então comecemos pelo começo, como diria o outro lá.  Mãe de pet não deixa de fazer nada em sua vida por conta de seus ''filh

Orgulho trouxa

Sabe aquele tipo de pessoa que se dá importância demais? Que se ofende se você não procura, não implora por ela, não se ajoelha para sair com ela, para vê-la? Não sejam assim. Ou sejam, claro, mas não cruzem meu caminho - que cansaço! Assim, eu sei que todos somos importantes num plano circunstancial abaixo do Equador, mas sugiro não alimentarem a ideia de que são insubstituíveis, imprescindíveis tanto tanto tanto assim. Que preguiça.  Trata-se de uma cosita que me rouba algumas horas de sono sempre. Ser ou não ser assim tão disponível para amores, crushs , amigos, irmãos, gatos, papagaios, pessoas em geral? Se muito solícitos, muito trouxas, muito servis, com tão poucas ocupações e por isso tão pouco interessantes? Se pouco solícitos, mais passíveis de sermos disputados? Não é uma equação tão infundada assim, pensem comigo. Os manuais de relações humanas sempre dissertam sobre o tema. Não procure quem não procura você, não se apegue, seja frio, pessoas gostam do que não têm, blá,