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Mostrando postagens de janeiro, 2011

The Great Pretender

A gente diz que já esqueceu fulano, que o tempo do fulano já passou, que cansou de esperar fulano se decidir se pegava o bonde ou ficava, que hoje vê o quanto foi burra por insistir em algo que não tinha futuro. A gente vive dizendo coisas em que não acredita e que não sente de verdade. No meu caso, reconheço, cometo essa sandice contra mim mesma com certa frequência. E, se chamo de sandice, é pelo fato de que isso mais me perturba que me faz sentir sem amarras. Em se tratando do “fulano”, que a gente jura para as amigas já ter enterrado, é cruel, a gente se engana, sofre orgulhosamente, mas não dá o braço a torcer. Esqueceu, ok, não é bom remexer no passado, mas ele continua lá, quietinho na dele, no lugar onde também estão as dores que guardamos. Mas por que ficamos em pânico ao ver o talzinho novamente e suamos frio ao nos darmos conta da iminência de um encontro casual? Por que, hein, céus? Será pelo resquício latente de um sentimento que enchemos a boca para falar que morreu? S

Quem é sincero levante a mão

            Para mim, o mundo não é dos sinceros, dos que cultuam a lisura do caráter até as últimas conseqüências como se esse ato valesse uma vida. É terrível admitir isso, mas não há mais espaço para os que prezam a verdade em suas relações, de um modo geral. "Credo, essa aí acaba de prever o apocalipse", dirão alguns, mas sei bem do que estou falando. A falta de sinceridade não é de agora, é inerente a todos e se manifesta nas situações mais corriqueiras de nossas vidas, seja quando aquela criatura sem o mínimo tato para vestir-se pede nossa opinião quanto a sua escolha de figurino ou quando a gente tem de dar um basta em uma situação que há tempos nos faz perder a paciência.              Obviamente, aqui me refiro àquela hipocrisia social de que somos partidários, principalmente, para não alimentar inimizades, não à falsidade escancarada e feita com o intuito de ferir as pessoas de nossas relações. Embora pareça confuso, trata-se apenas de uma linha tênue que separa a

Ainda os mesmos peitos

          Qualquer mulher ficaria louca de felicidade se experimentasse alguma peça de roupa, adquirida há anos luz, e ela coubesse perfeitamente. É como dar uma banana à passagem do tempo: “Ei, permaneço linda, magra e jovem”. Peraí, eu disse qualquer uma? Esqueçam, pois isso aconteceu comigo hoje e a surpresa foi bem indigesta.           Atrasada para um compromisso urgente, saí apressada do banho e procurava concentrada o que vestir, até que me deparei com um top (desses de ginástica mesmo), que me foi dado de presente de 15 anos, ou seja, há 6 longínquos anos. Parei, olhei e resolvi vesti-lo, convicta de que não serviria em mim. Maldição! Não só coube, como, por um instante, cogitei mesmo a possibilidade de trajá-lo, porém, não adiantava mais, meu orgulho já havia sido ferido. Como assim? Alguém interna essa demente?                      Ora, gente, como acharam que eu me sentiria, ao constatar que tenho os mesmos peitos desde os sweet sixteen? Nenhum aumentozinho? Me recuso a pe

Os fãs

           Sempre me perguntei/pergunto como se passa do estágio de mero simpatizante para fã irrefutável de alguma banda, autor, whatever. Como? Alguém tem a resposta? Pois, dia desses, ouvi o inteligentíssimo Thedy Corrêa afirmar, em uma entrevista, que se descobre o valor do fã verdadeiro, quando o dito-cujo devora sites de notícias sobre a banda amada. Ou quando, a três meses do lançamento do novo álbum, as letras já se perpetuam, há semanas, no seu inconsciente. Pra ele, basicamente, trata-se disso: um exercício simples de fidelidade.            Considerei sua observação muito genuína e, de fato, concordo com a essência de suas palavras, porém, me descobri uma droga de fã. Justo eu, que sempre pensei distribuir a maior devoção do mundo a pessoas interessantes das artes em geral. Onde foi que eu errei? Não creio que estava tão equivocada quanto ao meu conceito sobre a íntima relação que une fanáticos e o objeto de admiração. É fato que não coleciono vinis (até porque, sejamos c

(In)sustentável inquietação do ser

          “Só se ama aquilo que não se possui completamente”. Lembro-me bem da sensação de ter lido essa frase em uma revista qualquer (mentira, foi numa dessas revistinhas adolescentes cretinas) e assentir com a cabeça, tanto concordei com sua essência. Fiquei alguns segundos ruminando sobre tal achado, que descobri ser uma das coisas que mais me frustram nessa vida, essa história de a gente desejar com a própria vida o que parece que não pode ser completamente nosso. Acredito que, às vezes, sinceramente, algumas coisas não podem mesmo. Porque não é para ser. Simplesmente isso.             Só que, para mim, não para por aí. Ao ler tais escritas, percebi que esse vazio de estar em busca de algo quase sempre distante nunca nos deixa por completo. Será isso que chamam de inquietude? Ou seja, nunca estaremos satisfeitos com nada, pois, na teoria, sempre haverá algo para alcançar? Tanto faz. O que estiver nos livros de autoajuda ou essa minha teoria, oriunda de muitas noites insones. Pou

Ode a Bruce Wayne

          Já falei aqui sobre minha paixão por filmes de comédia romântica. Pronto, confessei que sou uma bobinha irrecuperável. Porém, hoje vou falar sobre outro assunto pelo qual nutro profundo interesse, por mais estranho que possa parecer. Hora da verdade. Eu amo super-heróis, com suas histórias de vida marcadas pela renúncia, com seus amores impossíveis, com suas neuras por ter de salvar o mundo, com seus uniformes colados e caras de mau. Amo mesmo, mas tenho meus preferidos, como o eterno nerd do Queens, Peter Parker, alter-ego do Homem Aranha, e Bruce Wayne, bilionário excêntrico e charmoso até a raiz do cabelo, que resolve adotar a identidade de Batman, o justiceiro de Gotham City. Uma coisa, né?            Eu amo tentar entender suas vidas e seus percalços. Acho meio sem noção, mas é aquela coisa, me deixo levar por qualquer história meio dramática com fundo amoroso. Na verdade, bem que eu queria um desses para mim, mas enquanto isso não é possível, dou audiência para suas

Sandália do mal

Pensei muito antes de começar essa crônica. Ora, por imaginar que minhas palavras aqui no blog deveriam abordar - sendo eu estudante de jornalismo e eterna revoltada - essencialmente, catástrofes mundiais e minha opinião a tiracolo. Ora, por ficar titubeando e tentar esquecer uma situação chata que me ocorreu, há alguns (vários) dias, e que cogitei retratar aqui. Mas querem saber? Falarei, sim, sobre o malogro dessa criatura que vos fala no exercício de se equilibrar em um cretino salto anabela. Quem nunca pagou um mico na vida que atire a primeira pedra. O fato é que a cena que serve de mote para essas lamúrias femininas, realmente, aconteceu. Ou seja, mereço reverência eterna por mandar o ego às favas e dividir com vocês a narração desse momento, em que desejei ir para a Tanzânia só com passagem de ida. Porém, antes de eu, finalmente, contar como tudo aconteceu, sinto-me obrigada a deixar uma questão no ar: o que fazem vocês, mulheres, ao tropeçarem na frente de várias pessoas, se

Lições de Scarlett para a sua vida

Não sou perita em filmes de drama – ainda não ultrapassei a fase de encantamento pelos de comédia romântica – mas também totalmente leiga não sou, portanto, posso dar meu pitaco sobre alguns filmes clássicos do gênero como, por exemplo, “E o Vento Levou”, de 1939. A história narra a saga da heroína Scarlett O’Hara, que passa por poucas e boas até reerguer o império sulista de sua família, arruinado após a derrota na Guerra da Secessão. E, nos momentos decisivos de sua trajetória, sempre vigiada (e “protegida”) pelo forasteiro milionário Rhett Butler – que ela descobre, vejam só, ser seu grande amor, porém um pouco tarde. Realmente, a derradeira cena do filme, em que Butler , cansado de flagrá-la chorando por outro homem, a deixa desconsolada na escada da mansão em que viviam, é de cortar o coração. Confesso, chorei de uma maneira pouco usual, vendo Mr. Clark Gable, seu intérprete, proferir tais palavras: “Frankly, my dear, I don’t give a damn”, e sair porta afora. Em bom português,

Sócrates e a virada

Eu pensei em tantas possibilidades para postar aqui antes da tal passagem de ano novo... pensei tanto que acabei ficando bloqueada. Nenhum post daria conta de aplacar os sentimentos aterrorizantes que rondaram minha cabeça, nos dias finais de 2010. Imaginei com meus botões que um recadinho de virada merecia algo esperançoso, prafrentex, cheio de simpatias e de dicas para adentrar 2011, mergulhando total na vida nova que o vídeo institucional da RBS vende a cada fim de ano. Mas de que jeito? Não consegui deixar a poeira embaixo do tapete e fingir que, com uma simples contagem, uhul, virei outra pessoa. Me desculpem se não consigo ser tão conivente com o climazinho de oba-oba. Em vez de desejos superficiais de que "toda a torcida do Flamengo seja feliz e realize seus sonhos", vou deixar votos de que, nesses novos 365 dias, possamos aprender a lidar melhor com nós mesmos, essas criaturinhas fascinantes que às vezes nos deixam a ver navios. Não sei por vocês, mas eu quero isso