A gente diz que já esqueceu fulano, que o tempo do fulano já passou, que cansou de esperar fulano se decidir se pegava o bonde ou ficava, que hoje vê o quanto foi burra por insistir em algo que não tinha futuro. A gente vive dizendo coisas em que não acredita e que não sente de verdade. No meu caso, reconheço, cometo essa sandice contra mim mesma com certa frequência. E, se chamo de sandice, é pelo fato de que isso mais me perturba que me faz sentir sem amarras. Em se tratando do “fulano”, que a gente jura para as amigas já ter enterrado, é cruel, a gente se engana, sofre orgulhosamente, mas não dá o braço a torcer. Esqueceu, ok, não é bom remexer no passado, mas ele continua lá, quietinho na dele, no lugar onde também estão as dores que guardamos. Mas por que ficamos em pânico ao ver o talzinho novamente e suamos frio ao nos darmos conta da iminência de um encontro casual? Por que, hein, céus? Será pelo resquício latente de um sentimento que enchemos a boca para falar que morreu? S