Às vezes, eu fico me perguntando o que é a vida, se não um monte de topadas com a comédia, com o que não estava no roteiro. A gente planeja, se consome em estratégias, perde o sono ensaiando e, bem no fim, nada sai como o esperado. Talvez em dado momento até saia, mas aí... bom, aí bate aquela inquietação clássica: ok, não era bem assim que eu queria. Só há rebuliço interior, de verdade, quando rola alguma cena à la Almodóvar , quando a salada está instaurada e o diretor ficou louco. Tudo desmorona, mas no fundo a gente sabe que o final reserva uma surpresa reconfortante. Vida, essa malandra... vive me pregando peças, fazendo eu me questionar o tempo todo, insistindo para eu enfrentar aquilo que me dá legítimo pavor. Me colocando contra a parede e botando o dedo na minha cara: "Eaí, lindinha, o que vai ser?" Vida é sair de casa sem guarda-chuva e cair o maior toró. Vida é virar o pé com um saltinho 15 na frente do seu paquera. Vida é não sair no final