Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2016

O cachorro sem nome

- Que graça, qual o nome dele? - Ele não tem nome... nem pensamos nisso. É peludinho, fofinho... sabe...? - EHEHEHE LEGAL Sério? Really? Ora não tem nome, que mundo é esse? É quase uma negação à identidade do cão. Não dar nome para um cachorro não é das piores coisas que se veem por aí, claro, mas que a vida perde em encantamento, ah perde. Não perde? Fala sério. Que me perdoem os pragmáticos, mas criatividade é fundamental. Eu me amarro. Eu, por exemplo, sou mãe, cof cof, do Menelau, do Aquiles e do Ulisses. Vivo rodeada por três felinos gregos. Quem terá a ousadia de dizer que não sou uma desocupada espirituosíssima? Dia desses, revelei o nome do primeiro quando recebi a visita de uma prima, e ela, surpresa, só faltou rir na minha cara. O nome pode até ser feio, mas é de reizinho. Reizinho do meu coração. A infinidade de possibilidades me faz divagar, e, divagando, não consigo não ficar prostrada quando me deparo com ''peludinhos'', ''fofinhos'

Check-in no Aeroporto Charles de Gaulle

Aconteceu há algumas horas. Quando vi, pulava de perfil em perfil, imersa em um mundo que não é o meu, mas é realidade de alguns poucos abastados desse Brasilzão varonil. Não é de hoje que sabemos que redes sociais são uma ilusão muito bem arquitetada para nos odiarmos - nós e nossas vidinhas prosaicas. Só que, às vezes, essa ficha cai como um soco na cara. Maldito Instagram . Sou uma pessoa demasiado reflexiva - talvez isso vá na minha lápide, vamos torcer - e qualquer mínimo pensamento meu, não raro, desencadeia uma curto-circuito de impressões e revelações - aqui jaz um cérebro doente. Bom, a de hoje é sobre essa vida de faz de conta da confraria de imagens citada. Essa a que aderimos porque não queríamos ficar fora da onda, e, bem no fim, o aplicativo estava tão à mão na tela do celular... essa que alimentamos com fotos previamente produzidas e cheias de efeitos. Meu Deus, o que nos tornamos? Um bando de ostentadores. Ai... isso me parece tão, tão problemático que me corrói. Ass

Eu poderia ser genitora dos seus filhos?

Sabe quando você conhece aquele cara? Sim... aquele. Aquele! Aquele nem é mais pronome sem eira nem beira nesse momento, aquele é tudo menos qualquer aquele. Aquele é pronome demonstrativo de que você se ferrou. Ah, é disso que eu tô falando, que saudade. Que curioso, o tempo congelou, as horas pararam. Como se nada tivesse feito sentido antes daquele encontro ridículo em que vocês se pegaram conversando sobre Beavis and Butt-Head e agridoces lembranças de infância - porque o fato é que ambos tiveram infâncias bizarríssimas nos anos 90. Então você também não conseguia dormir por conta das peripécias do chupa-cabra? Que vidinha patética deliciosa. Deita essa cabecinha cansada de tormentos adultos aqui no meu colo, vai. E você tem certeza de que, na fatídica hora em que aquela dança de retinas agoniadas se desenrolava, tocava um rock muito nervosão. Com uma letra moralmente questionável, uma loucura. Meus delírios sempre têm muito a ver com música, muita música. Sim, eu lembro... e

Ouro

Enquanto eu me desmanchava em lágrimas ali, fiquei a pensar no tal do ouro. Porque nós, os chorões, choramos. Choramos porque chorar de alívio traz paz, limpa. Choramos porque chorar também é digno. Choramos porque trazemos o coração meio aos pulos sempre na garganta, agoniados por viver tudo, sentindo o caminhar das coisas dum jeito tão mais diferente, tão mais sensível a tudo. Choramos porque chorar de alegria é o melhor de dois mundos. E aquele sal que cai não faz mal. A medalha também é minha, é muito minha. É também de todo mundo que se doou, que viu, que vibrou, que torceu, que emanou a mais ínfima energia - vá saber, isso pode ser transformador. Essa medalha é muito minha. É minha porque eu amo esse país. Porque a gente se conhece, se sente, se tolera, se ama e se odeia. É minha porque eu o defendo, brigo por ele. É minha porque conheço sua história toda, sei de suas dores, sei de suas vergonhas e suas glórias. É minha porque quando a gente se olha, simplesmente ri e sabe o q

Para que serve uma Olimpíada?

Sim, eu gosto dela, da Olimpíada. Eu amo, eu entro em parafuso, choro, me descabelo. Lá se vão 20 anos acompanhando. Em Atlanta, 1996, nos primeiros jogos de que tenho recordações, lembro o arremate nos cadernos de esporte das leituras entusiasmadas do primeiro ano escolar. Na manchete do jornal: Gustavo Borges, a lenda das piscinas. E eu sentadinha no chão do escritório de casa - os olhinhos admirados, curiosos, com um horizonte todo pela frente. Acho incrível como essa lembrança segue viva na minha cabeça. Nostalgia boa.   Eu gosto de esporte desde que me conheço por gente (e não, eu não falei em futebol, seu fanático, mas de qualquer um). Felizmente, sempre tive facilidade em aprendê-los, logo, não houve uma competição em que eu não tenha me metido nos fatídicos anos escolares. Os coletivos sempre foram minha menina-dos-olhos, e o fato é que todo fracasso-social-nem-um-pouco-transante da pior época de nossas vidas acabou sendo transmutado em medalhas. Medalhinhas de latão, mater

Polarização política, sanduíches de mortadela e quiz cristão

A polarização da política brasileira chegou a níveis bizarros, credo. Ao mesmo tempo em que afirmo e reitero sempre que posso que todos, bem no fundinho, têm  lado , logo, ficar em cima do muro é doce ilusão, caio em contradição e vejo quão burro é esse afastamento ''ideológico'' - não que ele não precise existir, mas no momento em que sobra mais ódio que debate saudável, é preciso rever certas coisas. Posso estar equivocada, mas penso que a ''coisa'' ganhou mais força após as eleições nacionais de 2014, não? De um lado, um pessoal sedento por mudança de legenda , com indignações diversas (que considero legítimas) e apoiado, mesmo que não queira admitir, por setores conservadores da sociedade. De outro, os miseráveis, os comedores de pão com mortadela (falando nisso, que delícia um sanduichão de mortadela, né, não?), a escória de ladrões e os perdidos tipo nós, que ficamos meio a contragosto ao lado de uma situação ridícula por não ter muito sentido apo