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Mostrando postagens de novembro, 2014

Lorena e Vítor - o começo

Estava eu aqui de bobeira, cá com meus botões, e me toquei de não ter dado satisfações nenhumas sobre a Lorena e o Vítor. Caso não se lembrem deles, aqui tem dica. Vítor e Lorena, o casal que nunca foi, mas que, depois que deixou de não ter sido, deu certa saudade. Eram muito improváveis os dois. Conheci bem de perto. Nem imaginam, aliás, que os desnudo por essas bandas. Não contem, a propósito, our little secret .  Lorena segue vivíssima, mas vou conjugá-la no passado. Era um tipo curioso. Fumante crônica. Chata convicta. Petulante, estudava arquitetura, mas era boa mesmo em arquitetar meios de se esconder de si mesma. Toda problemática, detestava o curso, escolhido a esmo, tudo porque ela era muito boa em desenhar janelas. Gostava de dançar Lust for life pelada em frente ao espelho, com os peitos balançando, sonhadores, enquanto achava que ninguém podia vê-la. Servia mesas num barzinho onde um cara tocava piano magistralmente - era o Vítor. O Vítor era músico e ator, mas não

Queria Talking Heads, mas só consegui gauchinho pernóstico

Uma noite dessas, eu fiquei meio louca despirocada, querendo ir a uma festa especial Talking Heads . Minha nossa, preciso ir pra algum lugar que toque Talking Heads a noite inteira. Puta merda, onde, Osíris? Deve haver algum lugar nesse mundo, nessa cidade, nesse perímetro. Eu necessito fazer as dancinhas dos anos 80 desesperadamente. Até minha camiseta das cabeças dançantes eu encomendei, porcaria. Por um mundo onde eu possa ser new wave sem culpa, sem restrição, sem medo. AJUDA LUCIANO AS CABEÇAS VERMELHAS DANÇANTES NÃO PODEM ESPERAR Mas terão. Terminei numa Quartaneja , desejando não ter nascido. Porque a neja , ela te faz sentir assim. E porque cada um tem o que merece. Eu, certamente, estava em dívida com o cosmos. Mas, sabe, bem modéstia à parte, eu sei criar personagens ótimos para atravessar umas horas de tortura social longe da minha bolha. Até que me saio bem, pois, havendo cascata sem fim de cevada, a gente se amortece de si mesmo e entra no joguinho. Só que dess

Ode a Chandler Bing

Eu curto caras abobados. Vou explicar. Há tempos, venho confirmando que, do sexteto que monopoliza o Central Perk descaradamente, Chanandler Bong é o que mais me arranca contorcionismos provenientes de riso. Ai, riso. Quem não gosta de ter alguém irresistivelmente engraçado ao lado? Quem não quer companhia passível de fazer rir em qualquer momento da vida? Ai, preciso, desculpa. Eu gosto é de gente abobada, dá licença. Caras abobados, então, passam na fila do meu coração facim facim . Curiosa, ao menos, eu vou ficar. Porque o abobado, geralmente, ele sabe rir de si mesmo. E pessoas que sabem se zoar são uma graça e um alento neste mundinho de esquetes prontas e gravando. Af. Mas, voltando ao Bing, o Bing é uma delícia. E eu seguidamente me reconheço em cada imbecilidade que ele faz. MENHA NOSSA, EU SOU UM CHANDLER DE SAIAS Por aí. A identificação beira o ridículo. Seguidamente, coloco as mãos no rosto: não aguento me assistir duas vezes. Chandler é muito zoado. Chand

Desapaixonar-se

Se apaixonar é bom. Se for correspondida, melhor ainda, viu, amiga catártica? R I S O S Não, sério, se apaixonar é bom, é saudável, é curioso, é engraçado, é bizarro e é bonitinho. Mas desapaixonar....... olha, sei lá, não sei muita coisa da vida, mas diria que se desapaixonar é o nirvana. Tô brincandinho, migos buditas, não me xinguem. Mas que é libertador, isso é. É uma sensação única de reencontro com você mesmo. De apaixonamento gratuito por você mesmo. Porque você fica naquela, né, encantado por aquele outro ser, meio hipnotizado por aquela outra vida tão simplória e óbvia, que vai esquecendo gradativamente da sua obviedade. Sei que não posso falar por todos, mas geralmente não sabemos brincar de paixão de outro jeito: invariavelmente a gente sofre pra caralho, se destrói, se martiriza, ficando na ponte aérea paraíso-inferno com escalas masoquistas nos condados de ciúme e possessividade. A gente é feliz também, mas é aquela coisa, tudo muito pautado por uma realidad

Eu te amo, meu Brasil, eu te amo

A história do desaparecimento do pai do Marcelo Rubens Paiva foi algo que me marcou ali pelos 17 anos. Quando li pela primeira vez Feliz Ano Velho , a passagem em que ele narra o dia em que militares invadiram sua casa e levaram seu pai arrastado - para nunca mais - calou profundamente em mim. Até hoje, mexe comigo, me dá vontade de chorar. Ele nunca mais viu o pai. E é uma narrativa parecida com muitas de um passado bem recente do país - e ao qual, vejam só, muitos imbecis travestidos de sujeitos de bem fazem coro, pedindo sua volta. Se tá complicado de assimilar, digite aí no seu buscador do Google : desaparecidos políticos. Se quiser variar, tempere a pesquisa com ditadura chilena, ditadura brasileira, ditadura argentina, ditadura cubana - sim, cubana, porque toda ditadura é terrível - e reflita um pouco. Há um número bizarro de pessoas que nunca foram encontradas. Nunca houve paradeiro. Seus descendentes já morreram - e grande parte sem saber que fim tiveram seus pais, irmãs, tios,