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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Uma loteria infernal

       A tragédia está ao alcance de nós todos sempre, bastando que abramos algum portal de notícia ao redor do mundo. Ou catemos na TV algum programa policialesco sensacionalista. Nunca o absurdo foi tão banal, tão corriqueiro, tão "de casa": definitivamente estamos vacinados. Só que a coisa muda de parâmetro, quando acontece no nosso quintal - a proximidade apavora e dilacera os - outrora - resignados. Em nosso quintal tudo aparece apático, nada acontece. É normal, é da natureza do nosso senso de comunidade: enquanto espectadores a quilômetros e idiomas de distância, nada parece merecer tanta atenção - não por insensibilidade, claro, nos chocamos do mesmo jeito, mas não há o sentimento de identificação gratuita. Todavia, o quadro muda de figura ao presenciarmos ruas que já percorremos, rostos com quem já cruzamos, seres com quem já tivemos algum tipo de relação, lugares que já frequentamos... ao presenciarmos, principalmente, histórias que se cruzam e que nos fazem aliment

Uma paixão e um frila

Frila – corruptela de freelancer em Jornalismo - é a denominação de um trabalho que tem data marcada para acabar. É um serviço temporário prestado a alguma empresa de comunicação – que pode ou não continuar. Que pode ou não ganhar ares de emprego fixo, se é que me entendem. No frila, é proibido dizer ‘’eu te amo’’, mesmo que em silêncio. É proibido ‘’se apegar”. É proibido entregar o coração assim tão fácil - bobo é quem não entende, e entrega. E nega que entregou.   O frila tem um quê de amor de verão, de praia, de incandescência – aquele que parece escorrer pelos dedos, e deixa só um saudosismo aniquilando a alma, os pensamentos e os sábados – que agora estão misteriosamente livres e melancólicos. Por que nosso frila não subiu a serra? Frilas são amores de verão, concluo. O frila é uma noite de amor, uma noite de loucura, nada dura, nada merece jura. Os contatos nervosos com as fontes são iguais aos beijos falsos. Cada beijo é uma tortura. Beijos e telefonemas são cadafalsos n

Da série: diálogos agridoces

MORANGO FRESCO - Amiga, estou péssima. Vou ir atrás dele. - Nem sei o que te dizer. Tu tá sabendo que ele é o tipo de cara que não se apaixona, né? Ele pode ter quem ele quiser. EUREEEEEEEEEEEKA - Mas aí é que tá , minha cara. Tu acha o quê? Uma hora, ele vai se apaixonar, sim, e vai ser por uma guria bem improvável, sabe, tipo novela. Essas coisas acontecem. Tá , não comigo, claro, mas acontecem. (risos) - Acontecem, né? - Claro que acontecem, mas ainda estamos lidando com hipóteses. Ele tá longe, curtindo os louros da fama, sabe, é horrível admitir, mas ele não tá nem aí… - Filho da boa senhora sua mãe! Tomara que broxe. Bem broxado. E perca aquele sorrisinho malicioso… (risos) - É, o sorriso é cruel. Tu foi a vítima perfeita. - Obrigada, tenho talento pra patinha , eu sei. (monólogo – nesse instante, a amiga dorme)    - É que não é fácil, sabe, nenhuma de nós  tá acostumada com aquele jeitinho de menino que esqueceu de se barbear, e sai

10 verdades agridoces

1- Eu morro de medo de lesmas. Acho-as assustadoras, pavorosas, nojentas, terríveis. Baratas não me incomodam, nem amigas-serpentes , nem homens-cachorros . Meu problema são as malditas lesmas. 2- Não acredito em homens apaixonados. No máximo, em homens excitadamente-confusos. Ou  excitadamente-encantados , sei lá. Vai ver é porque nenhum se apaixonou por mim até hoje que eu tenha sabido HAHAHAHAHA não, sério, acho paixão masculina uma lenda das boas. E o recalque vai bem, obrigada. 3- Uma das grandes frustrações da minha vida é não poder ir a um show do Queen com sua formação original. Invejo ardentemente quem esteve no Rock in Rio de 85 , por exemplo. Freddie, ressuscite logo, que eu quero lhe usar/lhe admirar/lhe ver cantar. Enquanto isso, mato a saudade com devedês , livros e sessões mediúnicas. (brinks!) 4- Não sou ciumenta, contrariando minha etiqueta astrológica. Nem um pouco. Tá , talvez uns dez por cento , só para não dizer que eu sou uma fria desapegada. Em suma, não

Oswald me entende

        Ora bolas! Mas é claro que eu sei que não se começa nada com pronome oblíquo. Nem frase, muito menos texto. Eu sei disso, mas a vontade de simplicidade é maior. Tem um poeminha do modernista Oswald de Andrade que atesta bem o que digo: Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco  Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso, camarada Me dá um cigarro.                  Uma graça, né? Com essas palavras astuciosas, o maridinho da  Pagu  me absolve da pena de começar praticamente todos os murmúrios agridoces com ''mes'' bem teimosos, a cada postagem. Faz dois anos que eu tenho escrito bem errado, e vocês nem me boicotaram. "Me disseram", "Me indignei'', ''Me apaixonei'' -  me desculpem, mas vou seguir pouco me lixando para isso. De agora em diante, sempre que eu começar um texto com ''me'', pensem que eu poderia estar escreve

Sobre ''O que é isso, companheiro?''

      E eu, pensando com meus botões aqui, lembrei que em 2012 completaram-se 15 anos do lançamento do filme nacional “O que é isso, companheiro?” - que recebeu indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1998, e foi baseado parcialmente no livro homônimo escrito pelo - hoje - ex-deputado, Fernando Gabeira. Com um elenco de peso, que, à época, contou com a participação especial do ator americano Alan Arkin, a fita foi, é e sempre vai ser uma boa pedida para amantes de história e de cinema brazuca, like me .         Gabeira foi uma das figuras centrais no desenrolar da história contada no filme - aliás, “figura central’’ é eufemismo puro: o mote do projeto - dirigido pelo cineasta Bruno Barreto -  é a própria fatia da vida do político mineiro, enquanto militante do emblemático Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o chamado MR-8 (sim, a data em questão é em alusão à captura de Ernesto Guevara pelos seus algozes americanos da CIA – 8/10/1967, o dia em que o mundo endureceu e,

Sobre o começo e o fim

         É claro que eu não vou ficar de fora das reflexões. Eu pago de revoltadinha com tudo que é previsível, mas também tenho minhas recaídas. Após mais 365 dias (366, no caso do finado doismiledoze ) é inevitável olhar para trás e relembrar tudo que passou. Um ano, cara. Passa rápido e passa devagar. Os anos são umas merdas e são umas dádivas. Podem ser o que for, mas definitivamente chegar vivo nessa finaleira , em meio a tanta coisa ruim e mesquinha, é um baita motivo para celebrar. Sem sentimentalismos, sabe? Não deixa de ser uma vitória. Você, mesmo com todas suas perdas pessoais e seus dramas particulares, venceu. Foi mais forte que tudo. Vale um brinde com espumante ou água mesmo. O espírito festivo é o que conta e é com ele que (penso eu) se deve adentrar o novo ano: ânimos exaltados com a banalidade. Claro, o banal é tedioso, mas é a prova de que seguimos jogando. A gente tá no jogo, e isso merece gritos, risos, berros, escândalos elegantes, abraços apertados. Isso merece

Edu, o lindo

Tive que.          Eduardo Leite, prefeito de Pelotas eleito em outubro passado, além de ser extremamente Lindo - sim, com L maiúsculo e tudo - ainda tripudia. Nessa foto, que eu catei na edição de hoje da  Zero  (e me prestei a escanear e tudo mais, por não ter achado uma versão online) observe, cara leitora, como o novo representante do Executivo de lá fecha um olho e joga charme des-ca-ra-da-men-te. Ouso afirmar que é uma piscadela marota. É, ele tem talento para a coisa: tô há cerca de meia hora vendo fotos dele no Google Imagens . Não me lembro de ter visto algum político tão bonito delicioso nos últimos tempos. Imaginem vocês, gurias, o drama que deve ser trabalhar com esse cara. Como haver foco? Como controlar a baba escorrendo no canto da boca? Não deve ser fácil. Eu, que não tinha feito nenhuma resolução especial para o novo ano, acabei de arranjar uma prioritária para 2013: virar a mais nova colaboradora do funcionalismo pelotense. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA (não me levem a sér