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Mostrando postagens de janeiro, 2016

1461 dias

1461 dias de jornalista. Que coisa, por que essa sensação de que passa tão rápido? Não que eu queira voltar às salas outrora frequentadas - Deus me livre! -, mas eu toquei a pensar no que isso representa na minha vida. Foi inevitável, os corações são meio apegados a datas, vocês sabem. Eu não sou o tipo de jornalista que quis isso desde criança, foi mais como se as vivências tivessem me direcionado o caminho. Quando vi, tava lá, um breu só. Hoje me interesso por coisas diferentes e tenho vontade de me reinventar, talvez até tivesse feito outro curso. Sim, pois a cabeça muda - e, sim, começar faculdade com 17, 18 anos... que insano, pessoas, que insano. Porém, pela essência da coisa eu sou caidinha . E quando chamo minha profissão de madrasta, não é por ser uma raivosinha sem causa; é por ter em mente que criticidade é o único analgésico possível. O jornalismo é lindo, mas é um nojo também. Eu o amo, mas não posso passar a mão em sua cabecinha sempre. Eu sei bem a quem ele serve. Dói,

A fila do hambúrguer e o conto do reizinho

Dias atrás, fui comer um hambúrguer com fritas daquela franquia. Sim, daquela. Eu ali, com aquele laconismo de dar inveja, me perguntando por que raios estava há uns 25 minutos esperando aquele combo de gordura e conservantes descerem minha laringe num ato quase sexual. Valia a pena? Pior que vale. Na minha frente, um pai com sua filha, que devia contar não mais que 3 anos. E aí que eu comecei, mesmo sem querer, a dispensar atenção ao papo unilateral dos dois. - Filhinha, qual bichinho tu vai querer? O da casinha? Qual, filha? - Me dá, pai, me dá... E a cria ali, ensaiando um muxoxo, um nhem nhem nhem , uma gritaria, qualquer coisa, menos uma resposta que se espera de alguém que possua discernimento. - Moça, tu guarda meu lugar rapidinho pra mim (sic) ir ali ver qual brinquedinho ela quer? - Vai lá... de boa... Fiquei observando os dois, o mala da fila em especial. Uma pessoa adulta, criada, lúcida, totalmente algemada pela fofura de um inocente, porque, sim, não discordo:

A vida é a arte do encontro, embora haja tanto bombom trocado pela vida

O Vini já nos disse que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Esta frase junto àquela do menino de Itabira, dos desejos e das tardez azuis - vide Poema das Sete Faces -, são minhas favoritas da vida. Não, pera , tem aquela também das noites brancas do Dostoiévski, que indaga mais ou menos se um minuto de felicidade não seria o suficiente para preencher toda uma existência. São belas frases, são belos potinhos de consolo e afago. E me ajudam a seguir, ajudam a acalmar a errância e o vazio. Protegem. Mexem em alguma coisa dentro, é inegável. A vida é a arte do encontro. E nisso, às vezes, ela capricha. Não é sempre que seus encontros previamente concebidos - ela, teimosa, deve treinar isso por horas - vigoram. Ela se desculpa, diz que não era bem assim. Ok, entendemos, você está dando o seu melhor. E nós também. Mas quando ela acerta, aí ela acerta. Aí é desbunde geral. E todos nós temos uma coleçãozinha singela destes pequenos encontros que valeram por t

Ano novo, velhas cagadas

Eu não vim aqui para despejar um balde negativo de neuroses em vocês – ao menos não deliberadamente. Mas, pra mim, é meio inevitável acenar o ano novo com um conhecido espírito resignado, malandro velho, ciente de que vai fazer muito pouco ou nada diferente. Não me leve a mal, eu não quero colocar areia na sua listinha feliz de metas, mas quem é que se leva realmente a sério aqui? Ah, vai se foder, sai da minha casa. Com esse título-drama-queen, até parece que eu enumero coleções e coleções de cagadas a cada ano. Cagadas tipo filhos, casamentos, corpos escondidos em freezers, papelotes de cocaína na bolsa ou trepadas com o namorado da melhor amiga. Que nada, tô é existindo aqui com 26 anos, num bom-mocismo de dar tédio, louca de vontade de tosar o cabelo e morrer de overdose de sentido. Mas eventualmente cometendo, ora pois, cagadas por aí. Cagadinhas, sabe. Nada que deponha muito contra essa minha índole apegada a provincianismos, já que são contra mim mesma. Mas é como se elas es

Chico e a manada de imbecis

Aí o cara recebe a graça divina de cruzar com o Chico pelos Leblons da vida – eu, por exemplo, como não conheço Leblon nenhum e frequento só as catacumbas do nada, dificilmente seria agraciada com tal coisa. É o Chico, cara, o Chico, caralha!!!! Não sei... mas se  eu tenho a sorte de uma figa de cruzar com o filho do Sérgio, talvez contrariasse meu histórico efusivo ridículo: possivelmente ficaria petrificada, abestalhada. Talvez começasse a babar, é um chute. Ou chorar, porque toda uma carga de canções já gravemente somatizadas encontraria saída nos olhos. Olhos nos olhos, quero ver o que você diz...... O Chico, cara. Tu imagina, menino, encontrar esse esquerdinha que tem apartamento em Paris? Será que o condomínio é muito caro? Digo, o cara que escreveu Futuros Amantes, a música mais desgraçadamente romântica e linda de todas as eras deste e dos outros mundos. O cara que escreveu Meu Guri. Oh, céus, vocês já pararam para sorver a epopeia social e maravilhosamente triste que é Meu