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Mostrando postagens de junho, 2015

SHE TALKS TO RAINBOWS

E de repente, não mais que de repente, ficamos coloridinhos nos avatares das nossas redes sociais - e fomos seguidos por nossos amigos em uma espécie de reação em cadeia linda e fraterna. Claro, claro, é uma modinha de rede, um viral repetitivo que acaba nos enchendo o saco a certa altura, mas, neste caso, acho interessante deliberar sobre algumas coisas. É um caso em que penso valer a pena cutucar com maestria o privilégio alheio. Vivemos um momento progressista bonito em que a representação da diversidade ganha força em campanhas publicitárias e tramas novelísticas. Porém, este também é seguido por escaladas assustadoras de fundamentalistas e ''homens de bem'', temerosos de que os irrisórios avanços sejam a ruína da família tradicional, a ruína de ''nossas crianças" - crianças estas que dão de 10x0 na questão politização, bem longe dos holofotes. O presidente da casa legisladora mais famosa do país é do bem . A política brasileira está infestada de pasto

I DROVE ALL NIGHT

Peguei o carro e decidi: eu vou. Abasteci pouco e sem saber se chegaria até lá com o volante em mãos, talvez sucedesse de ser com os pés sangrando coisas absurdas e as solas do coturno cheirando a bizarrices de estrada. A Cyndi cantava ''I drove all night'' num caos insistente e providencialmente coincidente, maldito mp³. E a febre de ver o cara mais uma vez guiou os caminhos, até porque aquele laranja meio magenta da ponta do horizonte parecia abençoar de algum jeito a empreitada. Anoiteceu tudo e nem vi. A loucura colorida da Cyndi era uma coisa muito, muito, muito doída, partia minhas artérias em minivasos de arrependimento futuro e expectativas molhadas de chuva. Mas eu seguia. E sentia tudo queimando, um cheiro de pólvora desejando carne e angústia pedindo redenção em um abraço quente faziam a atmosfera até poética. Poesia vagabunda, mas não menos lírica. Cheguei. Os olhos brilhando de carinho e pensamentos indecentes, uma traquinagem no céu, uma coisa muito parad

SAVE THE DATE II - A SEGUNDA VEZ É COM CHANTILLY

MEU HOMEM ESTÁ ANIVERSARIANDO NINGUÉM SAIIIIIIIIIII 34 ANINHOS DE TOTAL TIRANIA COM NOSSAS RETINAS AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE Primeiramente, um minuto de silêncio a esta senhora que deu à luz tal criatura:                                                        Porra, mandou benzão, Dona Lisa!                                                      Você fez uma geração mais feliz! Obrigada! Segundamente... vamos admirar, né, meu povo, já que ninguém aqui vai pegar mesmo. Admirar a total falta de condescendência deste rapazinho para com nossas estruturas:                                              Que coisinha mais bem feitinha, né? Desgraçado!                                         De quatro-olhinhos: agradeço pela representatividade.                                                          ESTA CARINHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!                                   Imagina topar com uma secada dessa e perder o rumo de casa. 

Sobre selfies com teor religioso e ser cristã

Penso nunca ter falado exclusivamente sobre religião, fé, Deus e afins aqui. E, bem no fim, me inspirei, após ter escarnecido lindamente no Twitter de fotos - as chamadas selfies - em que as pessoas citam versículos bíblicos. Se eu fosse alguma coisa de prestígio na vida, eu estaria em O Globo, n'A Folha dando entrevista e tentando contornar a polêmica. Mas como eu sou um nadinha - um nadinha de muito potencial, é bom que se diga -, vou aproveitar minha total anonimidade e deliberar. Selfies com citações religiosas são bizarras. São ridículas. Eu rio pra caralho. A selfie, antropologicamente falando, já carrega um teor de ridículo e presunção, convenhamos. Já postei selfies? Claro! Quem nunca? Mas tenho noção da gama de construções que isso envolve. Eu, ali, me vangloriando de mim mesma e do meu sex appeal questionável, não deixo de ser uma caricatura de mim mesma. A gente é ridículo por natureza, não há por que temer. O problema reside, na minha opinião, em realmente se achar gra

Deveria haver mais Fernandões

O Fernandão, ídolo colorado falecido ano passado em um triste acidente de helicóptero em Goiás, desde que havia ganhado projeção no futebol há alguns anos, sempre me chamou atenção pelo que dizia. É curioso como eu sempre parava para escutar alguma fala sua na televisão, por exemplo. Alguma coisa de fundamento ia sair, era meio sintomático. Destoava até com certa inocência da massa de entrevistas futebolísticas caricatas e que beiram a robotização desde sempre - e que, aliás, vide anos 2010 e tantos, seguem ridículas e previsíveis. Mas não era esnobismo; era lucidez - e esses dois, poxa, são bem diferentes. Me lembro de uma vez - devia eu contar uns 17, 18 anos - ter saído uma reportagem em um jornal impresso de prestígio aqui do estado acerca da homossexualidade no futebol e de como há uma cultura machista e heteronormativa dentro deste espaço, tido ainda como só para machões e gaúchos malvadões e ogros graaaaw . Em meio a falas bizarras e carentes de profundidade, o homem saiu-se com