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Mostrando postagens de abril, 2014

Pondé e a síndrome da direita forever-alone

Sigo meio bestificada com o último texto de Luiz Felipe Pondé em sua coluna semanal na  Folha. Na ocasião, o festejado filósofo declarou que o maior desafio dos jovens brasileiros que não são de esquerda é ''pegar'' mulher. Tadinhos dos fãs do Bolsonaro , eles não conseguem pegar mulher. Eu só estou repassando, queridos, as palavras são do Pondé. Dado o horário em que a coluna foi colocada no ar, me pergunto se não era o caso de este senhor estar profundamente alcoolizado - ou sob efeito de alguma droga pesadíssima: madrugadas são convidativas à vida boêmia, vai ver, ele chegou de alguma festa e resolveu escrever sua coluninha da semana, entorpecido, vai saber. Mas não, creio que não, penso que o moço estava falando sério. Curioso é eu ver um monte de direitosos convictos - e talvez desconhecedores dos preceitos da posição política que carregam entranhada - por aí, pegando geral. Geral mesmo. Sabe aqueles lordes que curtem ''Orgulho Hétero'' como quem

Sobre o caso do menino triste de Três Passos - e por que às vezes odeio a agenda-setting

Não tenho dúvidas de que o jornalismo diário embrutece. Aliás, é com pesar que escrevo isso, porque, como o Saramago escreveu, tenho um coração de carne e ele sangra diariamente com a natureza do ofício que escolhi seguir. Talvez eu não tenha sangue para lidar com a coisa, é uma hipótese (com que idade mesmo a gente para de se questionar sobre o que acha que sabe fazer?). E é uma paulada atrás da outra - muitas vezes, ao contrário do que os leigos pensam, realmente não sabemos lidar. Sofremos por ter que mexer em feridas expostas, na carne alheia cheia de fissuras - as psicológicas sempre doem mais. O tal embrutecimento leva à naturalização dos fatos. A gente até se indigna, mas percebe que possivelmente vá ler mais vezes sobre absurdos - e eles não param de acontecer. Verbo maldito: acontecer. Absurdos como o assassinato cruel do menino Bernardo Uglione Boldrini. Sinceramente, não me entra na cabeça - na mais correta acepção da expressão - que um pai planeje meticulosamente a morte

Da série: diálogos agridoces

VIVER É UM ESTRESSE - Tu não sente medo de se expor no teu blog? - Oi? Como assim? Tu acha que alguém pode querer me matar pelo que eu escrevo? - Tu não tem medo? - Tu tá falando disso? - Responde, primeiro... - Bom, pra ter medo, eu preciso supor que alguém se importa com o que eu escrevo, logo, não... - Bom, eu não tava falando disso, obviamente, até porque acho que ninguém se importa. - Nossa, como você é espertinho, agora sai. - Eu tava falando de outra coisa... - É? Mas eu não quero saber... putz, pior que jornalistas são assassinados freneticamente no Brasil e... - Agora quem não quer ler sou eu.. - Mas eu quero falar, a propósito do que tu falava antes de achar que eu posso ser assassinada? - É que a vida real é assustadora e escrevê-la lá com requintes de realidade (risos) te traz uma carga de comprometimento alta... - Quem disse que tudo lá é verdade? - Eu falo porque eu te conheço - Se me conhecesse não falaria que me conhece com tanta propried

Porra, Carly Simon!!!!

Era um domingo muito ensolarado de outono e muito convidativo a fazer traquinagens. Os domingos têm essa mania de às vezes serem marcantes. E de doerem como farpas nos dedos cansados, depois de findados. Aquela coisa de haver poucas pessoas nas ruas e, quando uma folha seca atravessa seu caminho, você parar para admirá-la, num recanto de contemplação quase piegas. O domingo citado tinha disso, uma espécie de mistério que faz sorrir sem causa aparente, que mexe com um resquício adormecido de ternura. E também tocava Carly Simon em algum lugar muito próximo. Aí reside um fator perigoso, pois quando Carly Simon começa a fazer sentido, significa que fodeu de uma maneira sem precedentes. Porque a Carly, ela entra no seu ouvido e toca no seu âmago e domina seu cérebro e começa a ressuscitar umas coisas. E ela age tão sorrateiramente, que você fica meio sem ação. E aí, logo em seguida, é você quem quer agir. E aí rola. E pode dar certo. Ela - a moça desta narrativa - pegou a chave do carro

AFASTE DE MIM ESTE CALE-SE

Chegamos, enfim, aos 50 anos da madrugada mais sombria do passado recente brasileiro. Sim, eu vou romantizar a coisa. Tenho estado com os nervos à flor da pele nos últimos dias, andei lendo um bocado de coisas sobre, revi filmes, assisti a vídeos, busquei na memória aulas de professores e o jeito como eles me ensinaram fatos referentes ao golpe (só eu acho gritante a diferença na percepção adolescente para a adulta?) e a indignação segue fresca, renovada. Que bom. Vocês sabem, maniqueísmo no colégio é algo fácil, fácil de ser reproduzido. Fico me perguntando o que faria eu, Bruna, essa palerma com boas intenções, caso tivesse meus vinte e poucos anos de hoje naquele caos político. Me faltam referências na família, não sei como se sucederam as coisas nos interiores do Brasil (especificamente do estado abagualado onde vivo), além de nos faltarem arquivos de pesquisa de um modo alarmante, mas, olha, na minha humilde opinião, acho que eu me meteria em problemas com prazer. Não sei, caro