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Era só ter colocado na lista

Vou fazer uns pães de queijo. Bah, não tem queijo. Mas tu não foi ao mercado? Fui... Silêncio.  Tu não compra nada que não esteja na lista? Não.  Entendi boa parte da vida nesta pérola da crônica familiar, que deve ser realidade em muitos lares brasileiros. E é. Homens num geral não vivem realmente nos lugares que habitam, consideram-nos hotéis, um respiro onde comem, dormem e passam um pouco de tempo inertes, antes de voltar ao que de fato interessa: construir prédios, gerenciar guerras, fabricar cerveja artesanal, proibir mulheres de abortarem, dominar a política, etc. Mesmo que queiram ardentemente uma fatia de queijo mais tarde. É claro que há exceções (eu sei que nem todo homem , fica na paz de Santa Cher aí, irmãozinho), provavelmente os que moram sozinhos e se obrigam a pensar sobre trivialidades da casa, afinal, ninguém fará por eles. Entretanto, em se tratando de famílias formadas por casais heterossexuais com filhos, algo muito forte me diz que o diálogo
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Triângulo das Marquises

Nunc a evoluiremos como civilizaç ão enqu anto seguirmos us ando gu ard a-chu v a emb aixo d a m arquise . Refleti a sobre isso ontem, após me deleit ar com um a chuvinh a cretin a e gel ad a que molhou meus pés me f azendo d anç ar j azz involunt ário n a minh a s and áli a e liquidou o restinho de p aciênci a  de um a sem an a em que fui dirigid a, com honr as, por A lmodóv ar num a reprise de Mulheres à beir a de um at aque de nervos.  Com o aspecto de c alç a mij ad a e os óculos de gr au imit ando um p ar a-bris a des avis ado no dilúvio - pouc as cois as irrit am t anto um qu atro-olhos qu anto fic ar com aquel a cois a molh ad a n a c ar a -, fiquei ali n a ru a, resign adíssim a, l ament ando ser t ão burr a e m ais um a vez ter sido inc ap az de lut ar contr a o clim a subtropic al . M as m ais que isso: l amentei a tot al inexistênci a de coletivid ade que imper a assim que s aímos de c as a - quer dizer, isso infelizmente é regr a, m as n ão deix a de indign ar u

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive

Ninguém me desperta como você

''Ninguém me desperta como você''. Eu tive que soltar uma risada meio abestalhada, porque francamente... em tempos de amor líquido (vocês que fizeram o Bauman acontecer, agora aguentem) e calcinhas secas, fica dificílimo acreditar - de novo - numa patacoada dessas. Dá uma vontadezinha de acreditar, não? Eu adoro acreditar. Na última vez em que acreditei entreguei tudo - o pior e o melhor de mim -, mergulhei fundo num pires, pirei total, injetei adrenalina na veia. Estou vacinada, querido. Cuidado, essas vacinas não duram tanto tempo assim. Ele sabe.  ''Ninguém me desperta como você''. Que delícia ouvir isso, ler isso, tatuar isso na aorta desse coração fodido, pena que é mentira. Não porque eu não seja digna da benesse, mas porque as palavras saem fáceis demais. Eu aprendi isso da última vez. Não se deixar levar por palavras, ainda que sejam tão gostosas de ler, tão bonitinhas de imaginar, ainda que se aninhem tão rápido nesse desesperado ideal de amo

Um corpo que cai é show

Achou que eu não ia falar dos 60 anos de Vertigo ? Achou errado, otário! Vertigo - ou "Um corpo que cai'' em português, pois o brasileiro é uma raça fabulosa - foi lançado em julho de 1958 e é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos, sempre figurando nas listas dessa gente muito entendida de cinema que ganha a vida tecendo comentários sobre a sétima arte. O último rol, de 2012, atesta o que vim dizer com esta resenha meia-boca ou esse simpático choque de cultura : o tiozinho que tem umas tonturinhas protagoniza um filme show! Já diria nosso raivoso motorista da Towner azul-bebê - ou não, Renan é indecifrável.  Devo confessar que falar de Vertigo me causa certa melancolia: jamais ficarei novamente com o coração na boca ao visualizar o final da trama, que me deixou completamente perturbada e me fez questionar tudo que assistira até ali. Hã? Cuma? Quê? Volta ali, pera, como foi? Foram algumas das frases proferidas por esta simpática leiga ao encerrar a emprei

Um ser incrível

Não acredito em relações perfeitas e abnegadíssimas - todas são uma via de mão dupla. Nem mesmo nas de mães e filhos, ainda que o mito da maternidade venda a ideia de que esses seres incríveis estão ali para o que der e vier. Mas imaginar que há um colo me esperando independentemente do que aconteça é alentador, conforta meu coração burro e infantil. O mundo não é um lugar legal, ele está pouco se importando se estou gripada, se levei o casaco para o caso de esfriar, se tomei meus remédios, se comi direito. O mundo quer mais é que eu me foda. E, às vezes, ele consegue. O mundo certamente não teve mãe.  Mas eu tive e tenho, e tem sido sempre uma experiência reveladora ter alguém tão bom para mim, mesmo quando nem mereço. Ter alguém que me ama de verdade - vocês têm ideia do que é ser amado de verdade? - torna as coisas bem mais fáceis. Será possível alguém amar um ser além da própria vida? Ou tudo não passa de construção social? Será possível essa relação aparentemente impossível de mã

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas