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Águas de abril

São as águas de abril iniciando o outono
É a promessa de vida no meu mais singelo sono

Aqui - sim, você sabe, bem aqui - caiu uma chuva fina e gelada à tarde, como que antecipando a melancolia dos dias frios que esperamos, agoniados. Chuva é ótimo para materializar insights criativos. E mergulhar no obscuro da alma, das divagações. Pra mim, que sou uma uma curiosa eterna das fraquezas humanas, é um deleite calmo e contemplativo. Tom Zé e seu Tribunal do Feicebuqui (2013) me acompanham na empreitada. Tom e outros absurdos vivendo à margem dos holofotes de feicebuqui, bem no fim, penso serem melhor apreciados nas madrugadas da vida. Alguém tem a ousadia de explicar este homem? Por que MPB aninha-se tanto com o escuro das noites e o silêncio dos atormentados? Questões.... questões. Questiono, questiono, quanto mais o faço, mais fico sem dono.

Mas me fala aqui, por favor, a quantas anda você?

Eu quero saber a quantas anda você
Se está zen ou deprê
Up to date ou tipo demodê
Quero saber a quantas anda você
Se popular ou privê
Se animada ou blasé

Se está longe numa sonda
espacial em marte, além do que os olhos podem ver
Ou num deserto esperando
a próxima miragem, sem ter alguém para onde correr
Ou por aí, em qualquer parte, vendo a sessão da tarde na tv

Eu quero saber
Como está mesmo você
Transparente ou fumê
Rapadura ou glacê

Eu quero saber
A quantas anda você
Reggae ou mpb
Alta costura ou pret-à-porter
Pret-à-porter e frenesi

Se em uma gôndola bucólica em Veneza
Ou presa num rancho na marginal do Tietê
Se cantando no chuveiro, se achando estrela
Se arriscando em concursos de karaokê
Ou vestida numa casca de banana nanica
Na pista de dança ao som de Beyoncé

Eu quero saber
A quantas anda você
Se vai de chá ou de saquê
Se lê caras ou malarmé
Eu quero saber
Como está mesmo você
Se vai lembrar ou esquecer

A nossa dor, o nosso prazer
A nossa dor, o nosso prazer
A nossa dor, o nosso prazer
A quantas anda você
A quantas anda você
A quantas anda você


Conte-me longe do tribunal, eu prefiro.










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