Sabe aquele tipo de pessoa que se dá importância demais? Que se ofende se você não procura, não implora por ela, não se ajoelha para sair com ela, para vê-la? Não sejam assim. Ou sejam, claro, mas não cruzem meu caminho - que cansaço! Assim, eu sei que todos somos importantes num plano circunstancial abaixo do Equador, mas sugiro não alimentarem a ideia de que são insubstituíveis, imprescindíveis tanto tanto tanto assim. Que preguiça.
Trata-se de uma cosita que me rouba algumas horas de sono sempre. Ser ou não ser assim tão disponível para amores, crushs, amigos, irmãos, gatos, papagaios, pessoas em geral? Se muito solícitos, muito trouxas, muito servis, com tão poucas ocupações e por isso tão pouco interessantes? Se pouco solícitos, mais passíveis de sermos disputados? Não é uma equação tão infundada assim, pensem comigo. Os manuais de relações humanas sempre dissertam sobre o tema. Não procure quem não procura você, não se apegue, seja frio, pessoas gostam do que não têm, blá, blá, blá, roinczzzzzzzzz, mas aí é que reside nosso dilema maior: muitas vezes você não está tão à vontade com esse gelo estratégico, não está agindo conforme seu desejo genuíno - e isso é sempre meio péssimo. Ligue se tiver vontade, chame se quiser - pena você tem que sentir de quem não quis sua companhia.
Ninguém gosta de ser segunda opção, eu sei - eu menos, argh leonismo do mal -, masssss talvez seja necessário cultivar sentimentos mais desapegados de convenções se quisermos momentos realmente felizes com quem nos é caro. Até porque, aqui vai uma verdade: não tem como dar atenção para tudo nessa vida, caras. É cruel, mas vale a pena se acostumar com as inconstâncias dos momentos, das paisagens, do tempo. Alguém vai ser lesado, você vai se lesar idem. Cheguei à conclusão quando dei de cara, esses dias, com uma amiga ao encontrar outra amiga para tomar um café, enquanto lembrava que tinha hora no dentista e cogitava uma passadinha na minha avó. Tempo é artigo de luxo hoje em dia.
Fico dias, meses, eras, sem conversar com alguns amigos e adivinha? Quando nos encontramos, exceto raros casos, é sempre a mesma delícia - ouso dizer que é porque algo muito forte foi sedimentado no passado: ritos de passagem são sempre mais implacáveis perante o correr dos anos. Já em se tratando dessas ladainhas pseudorromânticas (coisa linda ter que dobrar o r graças a esse acordo ortográfico idiota, não?) em que nos metemos, é sempre uma estafa mental não poder ser a gente mesmo quando o inconsciente grita, ''vou deixar esse cretino no vácuo só mais uns 15 minutinhos mesmo que eu esteja gangrenando de vontades impublicáveis''. Haja saco, hein? Se me chamar eu vou, se me ligar estou pronta em 10 minutos - ok, 2 horas -, se quiser me ver estou à disposição. Não me dou importância mesmo, sou uma trouxona, décima quinta opção, a renegada do quinto signo do zodíaco, o limbo. Porém, penso ser mais feliz do que muita gente inacessível por aí. Você não perde quando tenta oferecer, só ganha. Ganha, sim, vai por mim.
Auxiliou no post:
I don't want to grow up - Ramones
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