As coisas são como são. Não tem pegadinha e não tem jeito. É o que
está aí e ponto final. Game over. Parece muito sadismo não considerar que
existam enganos, esquecimentos e tantos outros entraves que dificultam o
andamento do que nós, os aflitos por atenção alheia, nomeamos de normal. Mas é
tão somente uma constatação do mundo real. Seja bem vindo!
Você
se interessou por um carinha e ficou com ele, entretanto, graças a
sua inexistente esperteza ou, quem sabe, à conjuntura astral de Saturno,
vocês acabaram não trocando telefones. Bom, apesar do deslize, você sentiu
que o fulaninho pareceu retribuir o interesse, afinal ele a se-cou, toda
a noite. Ok, você não queria demonstrar que estava gostandinho da criatura, mas, vejamos, tudo o que
queria nesse momento era estar com o talzinho do cabelo,
calculadamente, desgrenhado. Droga, já não há nada a fazer. Mas haveria o
que fazer? Sair gritando pela rua igual a uma retardada que precisa vê-lo e
apertá-lo com paixão? Definitivamente, não. Desde cedo, você aprendeu que não
deveria dar o braço a torcer – ainda mais dessa maneira patética – para homem
nenhum, pois, adivinhe, eles não merecem o empenho. Se bem que agir como um
projeto de vagabundazinha, vez que outra, não seria tão desmoralizante, né? Ou
seria? Bom, outra hora, comentarei sobre esses estigmas femininos no que diz
respeito à difícil arte da conquista. Mas e ele também não teria que dar sinal
de vida? Quem está interessado, comparece, dá um jeito de encontrar
acidentalmente na rua, iiih, ainda mais sendo conhecido/pseudo-amigo da sua
melhor amiga. Hora da verdade. Se esse panaca quisesse algo com você,
obviamente, teria pedido seu telefone para ela, claro, a menos que ele sofra de
uma falta de tato irreversível com as mulheres. Mas, mesmo assim, minha cara.
Não sei onde li, mas deve ser verdade que, quando os homens querem realmente
uma mulher, eles viram uns completos idiotas e dão bandeira, sim. O joguinho
barato é com nós, para eles é muito mais fácil levar um fora, de uma vez por
todas ou sair para o abraço. Nós é que costumamos somatizar e ter úlcera por
causa deles. Ou seja, até o mais inseguro dos rapazes teria dado um jeito de ir
ao seu encontro. Nem que fosse sondar seus passos e se fazer aparecer assim
como quem não quer nada. Cruzes, que monstro me saí.
Uma
rejeição é sempre o fim do mundo. E ainda mais para uma mulher, não de 35 anos,
mas recém apresentada à casa dos 20. Essa idade, em que nada parece se ajeitar
e o que mais queríamos no mundo era ter um corpão malhado, ser independentes,
ter uma conta bancária que bancasse nossas excentricidades de eternas
patricinhas de jardim e um namorado lindo do lado, para fazer inveja nas
outras, afinal certas coisas nunca mudam. Mas não é assim, definitivamente.
Muitas, como eu, aliás, ainda aparentam 15, não são mulherões, são filhas
obedientes para o papai e para a mamãe, não têm carro próprio e devem voltar
religiosamente à segurança do lar, antes que o lobo mau saia para a caça –
justamente esse que é o melhor da espécie.
Meu
consolo é que, de algum jeito, a gente se diverte com tudo isso. E
cresce e amadurece, ao menos. Quanto a eles? Bom, outros moços vão aparecer e
nós, novamente, iremos tombar por eles, e assim a vida seguirá. Porque ela
segue, com ou sem decepção, essa nossa companheira cotidiana, que, como diria o
meu falecido Orkut, nos ensina a viver. E, por sorte, às vezes, a gente também
consegue fazer umas maldadezinhas. Já experimentaram mentir o número do
telefone? Clássico!
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