Estive no correio, dia desses, e entrei em um fluxo irremediável de consciência. Foi uma coisa meio gratuita, percebam a idiotice da situação. Em meio a pessoas apressadas e compenetradas enviando encomendas, e atendentes munidos de computadores e tecnologia farta, caí no abismo de pensar que, hoje em dia, POXA, não se mandam mais cartas! É um fato irrefutável, ainda que não haja necessidade de ser apocalíptica: as cartas têm lá seu grau de importância na vida das pessoas, mas não como há uns 20 anos, por exemplo - só para citar um intervalo de tempo em que não havia esse arsenal esquizofrênico de meios de interação.
O fato é que eu parei, ali, perdida num universo à parte - na Brunolândia - e fiquei imaginando que os sempre solícitos carteiros, hoje em dia, pouco devem entregar cartas nas residências desse Brasilzão. Cobranças, documentos, bla bla bla, ok, devem entregar, mas aquelas cartas de outrora... ah aquelas cartas inundadas de saudade, de declarações de amor, de sentimentos agoniados por chegar a seu destino: no way. Cartas gritando para serem lidas, quase doentes devido à economia de palavras de uma vida inteira, legítimos símbolos de separação física de pessoas que se querem bem e estão a incontáveis quilômetros de distância: no way. Essas estão in memorian.
Bom, é óbvio que não devem estar extintas por completo, mas penso ter sido clara no meu propósito. Na era em que vivemos, onde predominam os e-mails, a praticidade e a agilidade no envio de informações, cartas tornaram-se tão obsoletas quanto caravelas. Agora, imaginem vocês a emoção sentida pela pessoa que recebia uma missiva esperada há dias, meses, quiçá anos. Imaginem a raridade daquele papel que se encontrava em mãos sedentas e trazia consigo a caligrafia amada, um perfume inconfundível, um jeito jamais esquecido. Imaginaram? Pois é, não se tem mais nada disso, o máximo que se consegue são alguns depoimentos de Orkut e, com eles, a banalidade. Sabem, né? Tudo muito acessível perde o encanto, o mistério, a riqueza da recordação.
Claro, um viva à modernidade, não estou reclamando, há muita utilidade em toda a parafernália que chegou com o finalzinho dos anos 90. Mas que dá uma dorzinha no coração perceber que esses tesouros em folhas de caderno quase não encontram fôlego e espaço por aí, isso dá. Cartinhas bobas, cheias de errinhos peculiares, moradas de segredos e de notícias aguardadas há muito tempo? Ora bolas, faça-me o favor, você nasceu em 1832? Trate de calar a boca, digitar um texto genérico de Feliz Ano Novo e mandar para todos os seus 17349348 amigos do Facebook. Essa é a originalidade a que todos estão habituados, não?
O fato é que eu parei, ali, perdida num universo à parte - na Brunolândia - e fiquei imaginando que os sempre solícitos carteiros, hoje em dia, pouco devem entregar cartas nas residências desse Brasilzão. Cobranças, documentos, bla bla bla, ok, devem entregar, mas aquelas cartas de outrora... ah aquelas cartas inundadas de saudade, de declarações de amor, de sentimentos agoniados por chegar a seu destino: no way. Cartas gritando para serem lidas, quase doentes devido à economia de palavras de uma vida inteira, legítimos símbolos de separação física de pessoas que se querem bem e estão a incontáveis quilômetros de distância: no way. Essas estão in memorian.
Bom, é óbvio que não devem estar extintas por completo, mas penso ter sido clara no meu propósito. Na era em que vivemos, onde predominam os e-mails, a praticidade e a agilidade no envio de informações, cartas tornaram-se tão obsoletas quanto caravelas. Agora, imaginem vocês a emoção sentida pela pessoa que recebia uma missiva esperada há dias, meses, quiçá anos. Imaginem a raridade daquele papel que se encontrava em mãos sedentas e trazia consigo a caligrafia amada, um perfume inconfundível, um jeito jamais esquecido. Imaginaram? Pois é, não se tem mais nada disso, o máximo que se consegue são alguns depoimentos de Orkut e, com eles, a banalidade. Sabem, né? Tudo muito acessível perde o encanto, o mistério, a riqueza da recordação.
Claro, um viva à modernidade, não estou reclamando, há muita utilidade em toda a parafernália que chegou com o finalzinho dos anos 90. Mas que dá uma dorzinha no coração perceber que esses tesouros em folhas de caderno quase não encontram fôlego e espaço por aí, isso dá. Cartinhas bobas, cheias de errinhos peculiares, moradas de segredos e de notícias aguardadas há muito tempo? Ora bolas, faça-me o favor, você nasceu em 1832? Trate de calar a boca, digitar um texto genérico de Feliz Ano Novo e mandar para todos os seus 17349348 amigos do Facebook. Essa é a originalidade a que todos estão habituados, não?
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Beijos.