Peguei o carro e decidi: eu vou. Abasteci pouco e sem saber se chegaria até lá com o volante em mãos, talvez sucedesse de ser com os pés sangrando coisas absurdas e as solas do coturno cheirando a bizarrices de estrada. A Cyndi cantava ''I drove all night'' num caos insistente e providencialmente coincidente, maldito mp³. E a febre de ver o cara mais uma vez guiou os caminhos, até porque aquele laranja meio magenta da ponta do horizonte parecia abençoar de algum jeito a empreitada. Anoiteceu tudo e nem vi. A loucura colorida da Cyndi era uma coisa muito, muito, muito doída, partia minhas artérias em minivasos de arrependimento futuro e expectativas molhadas de chuva. Mas eu seguia. E sentia tudo queimando, um cheiro de pólvora desejando carne e angústia pedindo redenção em um abraço quente faziam a atmosfera até poética. Poesia vagabunda, mas não menos lírica. Cheguei. Os olhos brilhando de carinho e pensamentos indecentes, uma traquinagem no céu, uma coisa muito paradisíaca e pouco óbvia. Tirei o sobretudo, fiz um rasgo consciente na meia-calça e respirei fundo. Toquei o interfone. Fiz graça com a voz. Senti uma surpresa. Pra mim, que sempre fui previsível, foi um jeito ótimo de virar o jogo. Dormi em pé ali, sonhando, enquanto admirava a cidade que recém descobrira. A chuva tinha parado, mas uma poça de lama e luzinhas coloridas brotou das pedras do estacionamento, onde até deu pra ler umas coisas bobas de quem está prestes a ter uns momentos muito bons e muito errados. Não leio nessa língua - menti pra mim mesma. E enfiei a minha, na boca do cara que chegou com os olhos mais arregalados do universo. A gente sorriu meio sem jeito. Ele gostou. Que bom e que merda! O hall do prédio ficou pequeno. Subimos, deixando algumas paredes envergonhadas, que era esse o objetivo. E, quando a minha pele tocou na pele daquele projeto de eternidade pouco convincente, uma espécie de calor muito sincero se apossou do meu coração e dos lóbulos das minhas orelhas. E, enquanto eu chupava aquele amor todo ali mesmo pra dentro do meu pensamento e das minhas fraquezas, amanheceu. A vida é sempre pouco imaginativa com luz direta, e o sol não carrega um erotismo confiável. Sempre preferi as madrugadas. Eu e a Cyndi, essa doidivanas.
Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima: #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n
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