E de repente, não mais que de repente, ficamos coloridinhos nos avatares das nossas redes sociais - e fomos seguidos por nossos amigos em uma espécie de reação em cadeia linda e fraterna. Claro, claro, é uma modinha de rede, um viral repetitivo que acaba nos enchendo o saco a certa altura, mas, neste caso, acho interessante deliberar sobre algumas coisas. É um caso em que penso valer a pena cutucar com maestria o privilégio alheio.
Vivemos um momento progressista bonito em que a representação da diversidade ganha força em campanhas publicitárias e tramas novelísticas. Porém, este também é seguido por escaladas assustadoras de fundamentalistas e ''homens de bem'', temerosos de que os irrisórios avanços sejam a ruína da família tradicional, a ruína de ''nossas crianças" - crianças estas que dão de 10x0 na questão politização, bem longe dos holofotes. O presidente da casa legisladora mais famosa do país é do bem. A política brasileira está infestada de pastores de bem, que pregam enfrentamento e boicotes de ódio em nome de Jesus. Eu sinto medo desse tipo de pensamento limitado e conservador, sinceramente não sei o que pensar. Primeiro, porque a sexualidade alheia não me incomoda. E, segundo, porque tais pessoas têm internet ilimitada e entopem minha timeline de porcaria. É um exercício diário tolerar tanto imbecil. Mas seguimos.
Realmente, ninguém vai mudar pensamento de ninguém com arco-íris, por mais promissor que ele seja. Mas, neste caso, achei importante me posicionar. Em meio a esses exemplos medievais, é necessário marcar bem o lado. Essa coisa de ficar muito quieto quando nossa voz é requisitada, me cheira a comodismo, a fazer coro à voz do opressor. É uma matemática certa, não precisa ser Martin Luther King Jr. para se tocar disso, qualquer cérebro médio consegue. E Deus me livre ser confundida com um discípulo de Malafaia da vida! É muito terror pra uma existência.
Nestes perfis, óbvio, há de tudo. Há o progressista de fachada, o que nem sabe por que raios estão mudando as fotos, o seguidor de modinha, como muito li por aí. Mas também há pessoas heterossexuais, como eu, que simplesmente acreditam na igualdade e se sentem atordoadas pelo seu privilégio ainda ser visto como um absurdo para outras pessoas. Que se sentem impelidas a apoiar uma causa por pura empatia. Poxa, me solidarizo com tua luta! Olha que coisa bonita, não?
Em outras palavras: você, menino, não deixa de ser machão e comedor por mudar seu avatarzinho. Você, moça, não vira um sapatão 42 por colocar um pouco de cor na sua fotinho. Do mesmo jeito que não trocar a cor de seu perfil não faz de você um homofóbico horrendo, não tem nada a ver, adere quem quer - ainda que, evidentemente, muitos homofóbicos não fariam isso de jeito algum. Penso que tudo é uma questão de simbolismo, e esses arco-íris simbolizam muita coisa. Uma delas, mais que o amor, é a vitória da cidadania. Um abraço dizendo: eu tô com vocês!
*Não resisti a fazer trocadilho com a música dos Ramones no título - vocês sabem, estes punks cretinos já estavam mancomunados com a ditadura gayzista há tempos.
Vivemos um momento progressista bonito em que a representação da diversidade ganha força em campanhas publicitárias e tramas novelísticas. Porém, este também é seguido por escaladas assustadoras de fundamentalistas e ''homens de bem'', temerosos de que os irrisórios avanços sejam a ruína da família tradicional, a ruína de ''nossas crianças" - crianças estas que dão de 10x0 na questão politização, bem longe dos holofotes. O presidente da casa legisladora mais famosa do país é do bem. A política brasileira está infestada de pastores de bem, que pregam enfrentamento e boicotes de ódio em nome de Jesus. Eu sinto medo desse tipo de pensamento limitado e conservador, sinceramente não sei o que pensar. Primeiro, porque a sexualidade alheia não me incomoda. E, segundo, porque tais pessoas têm internet ilimitada e entopem minha timeline de porcaria. É um exercício diário tolerar tanto imbecil. Mas seguimos.
Realmente, ninguém vai mudar pensamento de ninguém com arco-íris, por mais promissor que ele seja. Mas, neste caso, achei importante me posicionar. Em meio a esses exemplos medievais, é necessário marcar bem o lado. Essa coisa de ficar muito quieto quando nossa voz é requisitada, me cheira a comodismo, a fazer coro à voz do opressor. É uma matemática certa, não precisa ser Martin Luther King Jr. para se tocar disso, qualquer cérebro médio consegue. E Deus me livre ser confundida com um discípulo de Malafaia da vida! É muito terror pra uma existência.
Nestes perfis, óbvio, há de tudo. Há o progressista de fachada, o que nem sabe por que raios estão mudando as fotos, o seguidor de modinha, como muito li por aí. Mas também há pessoas heterossexuais, como eu, que simplesmente acreditam na igualdade e se sentem atordoadas pelo seu privilégio ainda ser visto como um absurdo para outras pessoas. Que se sentem impelidas a apoiar uma causa por pura empatia. Poxa, me solidarizo com tua luta! Olha que coisa bonita, não?
Em outras palavras: você, menino, não deixa de ser machão e comedor por mudar seu avatarzinho. Você, moça, não vira um sapatão 42 por colocar um pouco de cor na sua fotinho. Do mesmo jeito que não trocar a cor de seu perfil não faz de você um homofóbico horrendo, não tem nada a ver, adere quem quer - ainda que, evidentemente, muitos homofóbicos não fariam isso de jeito algum. Penso que tudo é uma questão de simbolismo, e esses arco-íris simbolizam muita coisa. Uma delas, mais que o amor, é a vitória da cidadania. Um abraço dizendo: eu tô com vocês!
*Não resisti a fazer trocadilho com a música dos Ramones no título - vocês sabem, estes punks cretinos já estavam mancomunados com a ditadura gayzista há tempos.
Comentários