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Atendimento personalizado

Estava eu, bem bela, esperando para ser atendida no consultório médico, quando me veio o asco mental ao abrir uma revista local (sim, porque o purgatório de esperar passa pela peregrinação às revistas escrotas dos titios médicos): ''atendimento personalizado''. Atendimento personalizado, atendimento personMAS QUE CARALHOS. A cada anúncio percorrido em que constava brilhante frase, eu era inundada por uma vibração mental enviando aos céus uma tomada bem no meio do cu. Osho não faria melhor. Atendimento personalizado é o one-hit wonder dos anúncios publicitários. Que me perdoem os coirmãos, outrora colegas nos bancos universitários da graduação, mas vocês não enganam ninguém. A gente só segue comprando as coisas porque precisa dos produtos e dos serviços; não porque vocês são maravilhosos gestores de relacionamento. Vocês não sabem nada sobre mim, vai personalizar a cara da tua vó.
Mas o que viria, então, a ser o tal atendimento personalizado? Por acaso, vocês vão me receber com um trono - rainha da selva que sou, miau - com o meu nome escrito em dourado brega como eu gosto, além de vendedores clonados com o mais puro gene Evans, de cuequinha passeando com suas línguas em mim? Olha, atendimento personalizado pra mim é isso, sabe, vamos amadurecer esses conceitos aí de marketing. Mais que a repetição da falta de originalidade nas centenas de propagandas que vejo por aí, o que me enerva de verdade é a marca ou afim não ser franca. Eu sei que vocês querem vender, amores, e somente vender. Eu sei que não haverá revolução de consumo nenhuma e os lucros são seu verdadeiro Osíris. Pode ser honesto comigo, capitalista da porra, deboche dessa vida mundana em que lhe enfiaram por ter que pagar suas contas, que eu viro cliente fácil. Fácil, fácil, me faça rir que serei sua eternamente. Sinceridade é o melhor dos atrativos.  
Não impunemente, nutro uma relação extremamente conflituosa com vendedores que oferecem cartões, encartes de propagandas, pessoas que usam frases motivacionais, chefes de empresas, atendentes de telemarketing e Eike Batista.. Não os trato mal - em absoluto - só sou lacônica. E o meu laconismo, num mundo que a do ra um rodeio, é visto como agressão. Na seara dos shoppings e assemelhados, eu não sou arredia, queridos, eu sou é impossível. E o pior é que eu compro. Bastante, eu diria (muito embora tenha urticária só de pensar em prestações e contas penduradas). Tenho fraco por roupas que desafiam a serenidade dos olhos de mamãe, por exemplo. Sabe aquela blusa amarela que meio Maracanã não teria coragem de usar (por uma questão óbvia de não querer ser confundida com uma gema ambulante)? É essa mesma, vou levar. As cores estão aí para serem misturadas, ué.
Em suma, eu queria era falar mesmo de como me estafa esse joguinho do consumo e suas falas sempre tão engessadas, sempre tão sebosas, sempre tão discursinho político. Blá, blá, blá, vocês não querem que eu saia satisfeita do seu estabelecimento, meus amores - até porque se eu estivesse satisfeita da vida, eu nem teria entrado lá. Me poupem da cantilena ou eu vou comprar na concorrência. A porcaria do sapato que vai encontrar o barro da sarjeta mais à noite não é a mesma? Me poupem, vai. 


                Miga, eu sei que tu não é um robô e teu dia tá uma merda, pode desparafusar o sorriso. 






Auxiliou no post:

Zero - Yeah Yeah Yeahs 






       

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