Eu tinha tudo para dar certo na vida, mas conheci o Cartola com 15 anos. Juventude roubada é pouco.
Foi assim, eu fui ver Cazuza - O Tempo não Para no cinema sozinha (ênfase no ''sozinha'', porque amo ir sem ninguém mesmo), e naquela cena fatídica em que Roberto Frejat todo mauzão dá um chilique dizendo que o Barão toca rock, porra!!!! e começa aquela intro doída de "O mundo é um moinho", eu entendi um pouco da vida. Aí não teve jeito. O Agenor Cazuza deixou o Barão Vermelho, e eu deixei a sala, maravilhada, conhecendo uma pista do Angenor de Oliveira, ou se preferirem... Cartola. Aqui até cabe uma curiosidade: diz que o exagerado detestava se chamar assim, porém passou a gostar quando descobriu a coincidência com o icônico mangueirense - que teve a letra n adicionada ao nome devido a um erro de registro. Espero que eles tenham falado disso quando se encontraram.
Gosto muito de ambos, mas o sambista me comove, me deixa catatônica. É muita sabedoria para alguém que não teve nada por muito tempo na vida. Para alguém cujo talento ficou à sombra anos e anos. É uma doçura que não sei explicar. Será que nasce um assim toda hora? Acho difícil. Só posso agradecer por esta joia brasileira ter existido - e hoje embalar muito da minha existência, das minhas madrugadas, das minhas veias. Adeptos do sambinha triste™ prometem manter sua obra viva aonde forem. Eu prometo, meu amado. Já que o mundo é mesmo um moinho e vai reduzir nossas ilusões a pó.
MONSTRO
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