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Ex-gremista também ama

Oi, sumidos!
Vi que vocês não têm visitado mais o site... queria saber se tá tudo bem...


A ambiência futebolística zoadíssima que deu as caras domingo merecia que eu escrevesse umas palavrinhas nostálgicas - uma espécie de recompensa pelos anos de serviços prestados à instituição Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, pois, sim, já fui bem fanática por aquela desgraça. Quem sabe eu tento a sorte na crônica esportiva? Já ensaiei tímidas escritas em jornais tenebrosos nesta senda de vitórias. Hah    
Eu realmente nunca achei que o Internacional fosse ser rebaixado, não sei, mas isso me parecia um castigo exclusivo para quem ousava torcer pelo seu oponente. Fala sério, o Grêmio é muito inacreditável. Tem que ter uma boa dose de coragem para abraçar aquele azul, preto e branco na vida. É uma disposição natural para ir às maiores glórias e às maiores derrocadas em questão de meses, jogos, acréscimos. Quem consegue levar 5x0 numa final de Libertadores? Quem consegue ganhar um jogo, pegando um pênalti de antecedentes dramáticos e fazendo um gol logo em seguida num contra-ataque com sete jogadores em campo? Deve ter algo ali além do que julga nossa vã filosofia, não há dúvida.
Mas como foi que eu tive coragem? Eu, como nasci no final da década de 80, peguei uma fase muito gloriosa do menino da Azenha - agora menino do Humaitá - quando criança. Nos anos 90, só deu ele. Terá sido isso? Terá sido o Grêmio daquele tempo um corruptor ardiloso de criancinhas incautas filhas de colorados? Sabe de quem eu me lembro muito, ainda que vagamente? Do Danrlei. A imagem dele é a que mais me vem à cabeça quando recordo essa safra vencedora, esse clube raçudo que aprendi a amar sem saber quase nada da vida. É uma lembrança muito boa que eu tenho. Ou, vai ver, foi tudo culpa das madeixas douradas de Paulo Nunes naquele inesquecível corte tigelinha... mistério...
Os anos passaram, e eu me tornei uma adulta um tanto nauseada com a facilidade que o futebol tem de legitimar opressões, questões sociais que ainda doem em muita gente. Dei uma parada, dei uma refletida. Não conseguia mais ficar perto de uma atmosfera tão tóxica. De uma atmosfera que acha inofensivo chamar o adversário de ''macaco'' e mentir à própria inteligência, dizendo que ''são coisas do jogo''. É impossível conceber como um esporte tão democrático pode ser tão excludente ao mesmo tempo. Se me oponho a isso hoje em dia, não sei que tipo de torcedora fui - talvez uma lunática, façam seus julgamentos. Porém sei que tipo de torcedora sou (sou ainda?). Política, sempre. Raramente adepta a cornetas, pois escutá-las de volta de quem amo é draaaaaaama. Debochada somente quando a piada é realmente muito boa: ser imortal mas morrer sempre, time grande não cai, etc. Passional, claro - no jogo de volta daquela semifinal pavorosa contra o Santos, em 2007, me joguei no chão algumas vezes. Felizmente, não houve desfibriladores. Joguinho desgraçado. Enfim, acho que sou uma ex-gremista que ainda sente o coraçãozinho acelerado por conta de certas camisas. Ex-gremista que sente a garganta seca e um orgulhinho incrédulo ao olhar sincronias perfeitas de certas torcidas na televisão. Ex-gremista mesmo quando tenta disfarçar não ter ex nenhum. Vi isso quarta-feira passada. Amiga, nem sabe... sigo apaixonada. Argh.        




                                                                  BU







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