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Isis e eu

Dia desses, um cara comentou altas grosserias numa foto minha (um feioso que estava querendo este corpinho, mas isso a Globo não mostra, uééééééé). O fato é que o moço me esculachou - ainda que, outrora, quisesse comer - dizendo para eu não me achar tanto visto que, perto de beldades como Isis Valverde, Fulana Não Sei Das Quantas (alguma boazuda fitness que nunca nem vi e que deve tirar foto olhando pro chão) e outras mulheres que não identifiquei no comentário magoado, eu era feia pra caralho. Eu, Bruna C., 28 anos, feia pra caralho e humilhada em rede social. Lamentei, claro, mas mais por ele não ter sacado o meme que originou a legenda da foto - olha, feiura até relevamos, mas não sacar um meme? Poxa, estamos falando de uma indústria brasileira vital. Mas, vamos lá, se tem algo que eu capto nessa vidinha obscura é a profundidade das coisas. Este feio incapacitado para entender ironias, achando que estava acabando comigo, só aguçou meu senso de observação. 
É evidente que nunca chegaremos aos pés de mulheres midiáticas. Em tempos de Instagram, então, não temos a mínima chance. Percebam o aparato estético que repousa por trás de uma mera selfie. Percebam o staff que trabalha incansavelmente para que essas mulheres pareçam perfeitas, gostosíssimas, sem manchas, sem rugas, sem lactose, sem glúten. Na maioria das vezes, elas realmente são lindas - o ponto não é esse -, mas elas sempre estarão à frente por disporem do recurso feroz da idolatria... ah, a idolatria, a fama, os olimpianos modernos. Estranho falar de idolatria baseada em número expressivo de seguidores e milhões de curtidas, não? É, esses são os monstrinhos que vocês criaram. E que as adolescentes admiram e têm o sonho de conhecer. Cá entre nós, as pessoas já tiveram sonhos melhores.  
A Isis, por exemplo - única criatura que visualizei no rol de princesas citadas -, é lindíssima. Corpão, sorrisão, um mulherão, óbvio. A moça aparece na emissora do Marinho desde 2006, quando interpretou Ana do Véu em Sinhá Moça. São quase 12 anos ininterruptos de Isis Valverde no seu televisor, minha senhora. A atriz já fez trocentos comerciais e campanhas publicitárias, já estampou incontáveis outdoors, já foi presença vip em zilhões de festas estranhas com gente esquisita. Eu tenho medo de ir à cozinha de madrugada beber água e dar de cara com ela. Que chance tenho eu contra Isis? Que chance tem minha bunda contra os glúteos personalizadamente treinados de Isis? Que chance tem meu sorriso contra o sorriso-camada-extra-de-refrescância de Isis? Que chance tenho eu se é o rostinho de Isis que para multidões ávidas por uma fotografia, um aceno que seja? Porra.
Só parecemos esquecer que esses dínamos da visibilidade são, ops, seres humanos como nós. Claro, as cifras volumosas amenizam tudo, mas eles seguem tendo fraquezas, dias ruins, questionamentos, espinhas, celulites, ciúmes, invejas, chulé e papeis chatíssimos em novelas. Isis pode se achar uma atriz medíocre em algum momento ou será que não? Pode se comparar com alguma colega de elenco em algum momento ou nasceu cientíssima de seu talento e brilho? Isis tem TPM. Tem dias em que Isis quer é ver os fãs pelas costas - e eu não condeno, só vocês mesmo para pedirem foto em aeroporto com a pessoa virada devido a 15 horas de voo. Isis chora, Isis tem seus dramas. Tentem imaginar Isis sem toda a parafernália por trás de Isis. Ou qualquer outro famoso, famosa, papagaio, cachorro. Quem são esses seres quando todas as luzes se apagaram e a bebida esquentou? E todas as pressões para permanecerem onde estão ou acham que estão? Só sendo muito ingênuo para não fazer uma leitura básica dessas e ofender por ofender, assim sem criticidade nenhuma (lembrem-se, até para proferir uma ofensa de gabarito é necessário um mínimo de sagacidade, do contrário, quem vira piada é você). Só sendo muito ingênuo - nosso amigo punheteiro que o diga.










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