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Natal + Supermercado = Inferno na terra

           Era véspera de Natal, dia 24. O supermercado, entulhado de gente intransigente e esfomeada. Correria, nervos à flor da pele e ela, a rainha do caos, a fila, que, para mim, sem dúvida, media uns 20 quilômetros. Mas, vem cá, o que eu fazia naquele triângulo das bermudas infernal?
            Deixem eu me explicar. Não gosto muito, é bem verdade, mas, nesse caso, acho necessário. Fui até lá comprar a versão mais palatável do panetone, aquele que vem com chocolate, em vez das frutinhas terríveis. Onde já se viu Natal sem chocotone, né, gente? Isso não é vida. Pois, como de costume, peguei correndo a mercadoria desejada e fui para o calvário. Só que o montante de gente a minha frente parecia aumentar. Impressão? Destino? Miopia? Nem sei direito, mas o fato é que aquilo começou a me irritar profundamente, uma vez que olhava para os funcionários e eles pareciam atender as pessoas com, cada vez mais, lentidão. Eu falo sério, se quiser me ver em pânico, me convide para uma passadinha no super. Claro que é irracional - ainda descubro o porquê de tanta inflexibilidade da minha parte - mas o fato é que, se a gente parar para analisar a essência do negócio, veremos que a ação é indigesta mesmo, se você tem sempre algo mais útil com o que se ocupar, meu caso. 
            A julgar pelos rostos esnobes que encontro, sempre que tenho o azar de ir ate lá, é que tiro essas conclusões bestas. Posso não partilhar, possivelmente, da opinião de algumas pessoas, já que sempre tem algum idiota que gosta de fazer uma “social” na fila do pão, mas totalmente equivocada não estou. Fala sério, o mercado é um dos lugares em que as pessoas mais se sentem desconfortáveis. Todos com suas caras fechadas, olhando para os lados, cuidando o que o vizinho colocou no seu carrinho de compras, receosos de pagar algum mico – o que eu, sem o mínimo esforço, vivo fazendo – e achando que o local é o mais apropriado para contar os babados do final de semana como se nós tivéssemos que desviar deles, no ápice da empolgação social. Sem falar nas crianças, que, hoje em dia, andam mais insanas que nunca, que horror, cadê os bons tempos em que os pequenos eram obedientes e não andavam com celulares caríssimos à mão? Calma aí, estou sendo injusta, eles não têm culpa, o mérito é dos seus pais, que criam monstrinhos e os deixam gritar onde bem entendem, esbarrando nas pessoas sem nenhum pudor. Anjinhos, que, não muito longe, serão a cópia exata dos cidadãos modelo que acabei de citar.
            Paro por aqui, até porque eu devo ter sido mal compreendida com essa crônica, tenho certeza. Aposto que eu devo ser uma gotinha insignificante do contra no oceano de pessoas que amam fazer supermercado nessa vida. Sim, pois elas chegam a vestir suas melhores roupas para a ocasião, um luxo só. Foi-se o tempo em que comprar comida era um ato banal, ou melhor, simples, livre de frescuras e retoques. Culpa desse sistema consumista e superficial que faz as pessoas agirem igual a umas antas, tudo pela ilusão de parecerem isso e aquilo, em vez de serem realmente.   


                                    Histeria coletiva é natal?

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