Ok, confesso: por pouco não cursei Letras. Só não levei adiante a idéia, pois não possuo, realmente, a complacência característica das educadoras, além de cultivar a paixão pela Língua Portuguesa mais como um hobby doentio que como um possível meio de ganhar a vida. O fato é que eu, muito malandra, desde cedo tratei de me afeiçoar ao idioma materno e lhe devotar notas açucaradas no colégio, tudo isso para me livrar de uma possível rasteira sua no futuro. Sabem como é, não se pode tratá-lo com negligência - um dia a conta vem. (Mentira. Isso ficou bem didático e gracinha, mas nossa relação sempre foi cimentada por uma irresistível atração. Nada de decoreba, foi instinto puro).
Entretanto, há uns cinco anos, notei que, de mera estudante obediente e temerosa, passei a ser uma verdadeira entusiasta de suas regrinhas e conexões estapafúrdias, de suas orações intercaladas, de suas pontuações, de suas conjugações, de sua capacidade fascinante de confundir meio mundo... minha pequena delícia para a qual muitos torcem o nariz. Who cares?
Pois bem, sendo defensora de seu uso correto, sofro golpes diários, ao vê-lo ser relegado e maltratado em construções ridículas e sem sentido. E aqui não falo nem de erros sintáticos - e pouco perceptíveis a olhos não tão neuróticos quanto os meus - mas sim de erros primários, legítimas imbecilidades fruto de poetas desse Brasilzão, que, por algum motivo, acharam que jogar video-game era mais negócio que aprender que o verbo haver é impessoal no sentido de existir ou fazer - só para citar um clássico que nunca soube o que é ser escrito de forma digna nessa vida.
Então? Partindo do meu reles conhecimento na área, deixarei aqui algumas dicas graciosas para quem se prestar a ler esses mimimis nerds. Sigam-me os fãs do Pasquale!
1- Porque = pois, já que. "Ele curte o próprio status no Facebook, porque é imbecil."
Porquê = substantivo. "Não entendo o porquê de você estar em 12819289 redes sociais. É carência?"
Por que = por qual razão/pelo qual. "Por que usar essa calça verde com esse casaco amarelo? É Semana da Pátria, filhinho?"
Por quê = por qual razão também. O acento se dá sempre em final de frase. "Sua cara me faz ter vontade de vomitar e eu nem sei por quê. Que coisa!"
2- Aonde = A que lugar. "Aonde você vai, Peter Parker?"
Onde = Em que lugar. "Onde foi parar sua personalidade?"
Donde = De que lugar. "Donde você surgiu, oferenda?"
3- Mal é antônimo de bem. "George Clooney me faz passar mal."
Mau é antônimo de bom. "Brad é mau, pois trocou Jennifer por Angelina."
4- Afim = semelhante, igual. "Sicrana e Beltrana são galinhas com interesses afins."
A fim = finalidade, com vontade. "Ainda estou a fim de te mandar pastar."
5- Há = tempo transcorrido. "Sua riqueza já expirou há anos..."
A = tempo futuro. "Daqui a um zilhão de anos, o planeta estará a salvo. Ufa!"
6- Voz passiva é um carma, eu sei. Acredito que só se aprenda a dita-cuja, se houver um super insight, daqueles que se leva para a vida inteira. Se não foi o seu caso, paciência. Entenda de uma vez por todas que "ALUGA-SE CASAS" não existe. "Alugar" é verbo transitivo direto e pode ser passado para a voz passiva, portanto sua grafia acompanha o plural do substantivo "casas". Logo, temos: "Alugam-se casas", equivalente a "Casas são alugadas". É o verbo, esse lord, quem dá a resposta. Notem, entretanto, que, se tivésemos um verbo transitivo indireto (que precisa de preposição), mudaríamos de situação: "Precisa-se de vendedores". O verbo "precisar" fica no singular, pois não pode ser passado para a voz passiva. Não haveria jeito de escrever: "Vendedores são precisados". Se bem que eu não duvido de mais nada, né...
7- Siga aquele trecho de "Pais e Filhos" e ame a vírgula como se não houvesse amanhã. Acredite, ela é capaz de safá-lo de umas ciladas e de melhorar seu modo de expressão escrita. Separe o que puder, tendo a dignidade de lembrar que há um interlocutor ávido por entender o que você escreveu. Então, faça vocativos, orações explicativas, apostos, adjuntos adverbiais e afins brilharem!! I know you can!
"Fulana da Silvassauro, biscate da mais alta estirpe, finalmente, pagou as 36 prestações da sua calça Ellus."
"Oiê, amigam, cê podje me mandar as fotchenhos da baladjenha de ontem? Tava mara, néãããm?"
8- Crase, aí vamos nós. Dê um chá de sumiço no mágico acentinho antes de palavra masculina, verbo, numerais, plural sem o emprego do artigo definido "as" e entre palavras iguais. Assim, NO ECZISTEM, entre outros:
"Voltei à cavalo."
"Preços à combinar."
Ando tão careca de falar em crase que quase vomitei ao escrever esses exemplos errados, mas enfim... vou alertá-los de que o entendimento desse glamour em forma de acento liga-se intimamente ao estudo das Regências Verbal e Nominal, portanto não é assim tão fácil pegar a manha. Dediquem-se. Nesse exaustivo caminho, valem os macetes do tempo do colégio: "Se você vai a e volta da, crase há". "Se você vai a e volta de, crase para quê?" Assim:
"Fui à Argentina."
"Fui a São Paulo."
9- AQUI SEREI TAXATIVA: NÃO SE SEPARA SUJEITO DE VERBO!!!
Bom, há a exceção quando o sujeito é deveras extenso e pode comprometer a compreensão da oração. Mas não se engane, o verbo e o sujeito se amam. Separá-los é coisa de gente invejosa. Ache alguém para amar e deixe-os em paz. Assim, estão erradas as construções:
"Os alunos, estiveram aqui mas já partiram."
"A minha rinite, me deixa com ódio no coração."
*Pego carona aqui para dizer que não se separam, além do sujeito e verbo, verbo e objeto.
10- O coraçãozinho aperta por ter que encerrar os trabalhos. Gostaria de colocar mais coisas nessa listinha da discórdia, mas né? O post tem que ter um fim. Além do que tá acima, não esqueçam que MIM não conjuga verbo e SEJE é uma lenda. Ah e que é obrigadA para as gatinhas e obrigadO para os gatinhos.
Tenham bons sonhos!
Entendeu ou quer que desenhe?
Entretanto, há uns cinco anos, notei que, de mera estudante obediente e temerosa, passei a ser uma verdadeira entusiasta de suas regrinhas e conexões estapafúrdias, de suas orações intercaladas, de suas pontuações, de suas conjugações, de sua capacidade fascinante de confundir meio mundo... minha pequena delícia para a qual muitos torcem o nariz. Who cares?
Pois bem, sendo defensora de seu uso correto, sofro golpes diários, ao vê-lo ser relegado e maltratado em construções ridículas e sem sentido. E aqui não falo nem de erros sintáticos - e pouco perceptíveis a olhos não tão neuróticos quanto os meus - mas sim de erros primários, legítimas imbecilidades fruto de poetas desse Brasilzão, que, por algum motivo, acharam que jogar video-game era mais negócio que aprender que o verbo haver é impessoal no sentido de existir ou fazer - só para citar um clássico que nunca soube o que é ser escrito de forma digna nessa vida.
Então? Partindo do meu reles conhecimento na área, deixarei aqui algumas dicas graciosas para quem se prestar a ler esses mimimis nerds. Sigam-me os fãs do Pasquale!
1- Porque = pois, já que. "Ele curte o próprio status no Facebook, porque é imbecil."
Porquê = substantivo. "Não entendo o porquê de você estar em 12819289 redes sociais. É carência?"
Por que = por qual razão/pelo qual. "Por que usar essa calça verde com esse casaco amarelo? É Semana da Pátria, filhinho?"
Por quê = por qual razão também. O acento se dá sempre em final de frase. "Sua cara me faz ter vontade de vomitar e eu nem sei por quê. Que coisa!"
2- Aonde = A que lugar. "Aonde você vai, Peter Parker?"
Onde = Em que lugar. "Onde foi parar sua personalidade?"
Donde = De que lugar. "Donde você surgiu, oferenda?"
3- Mal é antônimo de bem. "George Clooney me faz passar mal."
Mau é antônimo de bom. "Brad é mau, pois trocou Jennifer por Angelina."
4- Afim = semelhante, igual. "Sicrana e Beltrana são galinhas com interesses afins."
A fim = finalidade, com vontade. "Ainda estou a fim de te mandar pastar."
5- Há = tempo transcorrido. "Sua riqueza já expirou há anos..."
A = tempo futuro. "Daqui a um zilhão de anos, o planeta estará a salvo. Ufa!"
6- Voz passiva é um carma, eu sei. Acredito que só se aprenda a dita-cuja, se houver um super insight, daqueles que se leva para a vida inteira. Se não foi o seu caso, paciência. Entenda de uma vez por todas que "ALUGA-SE CASAS" não existe. "Alugar" é verbo transitivo direto e pode ser passado para a voz passiva, portanto sua grafia acompanha o plural do substantivo "casas". Logo, temos: "Alugam-se casas", equivalente a "Casas são alugadas". É o verbo, esse lord, quem dá a resposta. Notem, entretanto, que, se tivésemos um verbo transitivo indireto (que precisa de preposição), mudaríamos de situação: "Precisa-se de vendedores". O verbo "precisar" fica no singular, pois não pode ser passado para a voz passiva. Não haveria jeito de escrever: "Vendedores são precisados". Se bem que eu não duvido de mais nada, né...
7- Siga aquele trecho de "Pais e Filhos" e ame a vírgula como se não houvesse amanhã. Acredite, ela é capaz de safá-lo de umas ciladas e de melhorar seu modo de expressão escrita. Separe o que puder, tendo a dignidade de lembrar que há um interlocutor ávido por entender o que você escreveu. Então, faça vocativos, orações explicativas, apostos, adjuntos adverbiais e afins brilharem!! I know you can!
"Fulana da Silvassauro, biscate da mais alta estirpe, finalmente, pagou as 36 prestações da sua calça Ellus."
"Oiê, amigam, cê podje me mandar as fotchenhos da baladjenha de ontem? Tava mara, néãããm?"
8- Crase, aí vamos nós. Dê um chá de sumiço no mágico acentinho antes de palavra masculina, verbo, numerais, plural sem o emprego do artigo definido "as" e entre palavras iguais. Assim, NO ECZISTEM, entre outros:
"Voltei à cavalo."
"Preços à combinar."
Ando tão careca de falar em crase que quase vomitei ao escrever esses exemplos errados, mas enfim... vou alertá-los de que o entendimento desse glamour em forma de acento liga-se intimamente ao estudo das Regências Verbal e Nominal, portanto não é assim tão fácil pegar a manha. Dediquem-se. Nesse exaustivo caminho, valem os macetes do tempo do colégio: "Se você vai a e volta da, crase há". "Se você vai a e volta de, crase para quê?" Assim:
"Fui à Argentina."
"Fui a São Paulo."
9- AQUI SEREI TAXATIVA: NÃO SE SEPARA SUJEITO DE VERBO!!!
Bom, há a exceção quando o sujeito é deveras extenso e pode comprometer a compreensão da oração. Mas não se engane, o verbo e o sujeito se amam. Separá-los é coisa de gente invejosa. Ache alguém para amar e deixe-os em paz. Assim, estão erradas as construções:
"Os alunos, estiveram aqui mas já partiram."
"A minha rinite, me deixa com ódio no coração."
*Pego carona aqui para dizer que não se separam, além do sujeito e verbo, verbo e objeto.
10- O coraçãozinho aperta por ter que encerrar os trabalhos. Gostaria de colocar mais coisas nessa listinha da discórdia, mas né? O post tem que ter um fim. Além do que tá acima, não esqueçam que MIM não conjuga verbo e SEJE é uma lenda. Ah e que é obrigadA para as gatinhas e obrigadO para os gatinhos.
Tenham bons sonhos!
Entendeu ou quer que desenhe?
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