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Ping-pong agridoce

"O que eu vou dizer pra vocês???? Tenho umas ideias super boas de texto, sei lá, fico horas viajando em parágrafos carregados de lascívia agridoce, mas acho que acabo sempre não sabendo me expressar como gostaria. Fico um tantinho prostrada, me acho demasiado mimizenta, e quase sempre acho que tá tudo uma porcaria... ou não, também, sei lá. No fundo, a gente que lida com texto e essa tarefa árdua de provocar sensações no leitor, vive sempre se cobrando pra ser impecável. Isso é um saquinho."


"Imagino início, meio e fim das postagens - mas, claro, pouco me fodendo para a cartilha do bom texto, difundida pelos cursinhos e pelas profuxas de Portuga: 4 parágrafos, sendo um de introdução, dois de desenvolvimento e um de conclusão, e no máximo de 25 linhas. Elas que tomem no meio do seus acentos circunflexos, eu escrevo o quanto eu quiser - ainda mais quando estiver verborragicamente insana e ridícula. Esses manuais de redação, principalmente de vestibulares, sempre me emputeceram. Pra mim, eu nunca tinha escrito tudo que gostaria, sempre tinha algo mais que merecia aparecer, mas eu, como boa (ou péssima?) editora, sempre cortava... será que o exercício de edição no jornalista não começa desde cedo mesmo? Boa pergunta...''


''Foras são sempre um angu, você quer morrer, quer matar o cara a facadas, quer chorar até desidratar, e, invariavelmente, começa uma investigação abissal dos seus passos e do cara em questão, que possam justificar a chutada. Sempre assim. A gente fica se sentindo um lixo. Tipo... o que foi que EU que fiz? A culpa é MINHA? Acho que a gente precisa se livrar dessas amarras e entender que se não rolou, não era pra ser... poxa, ser feliz é uma vez na vida, entendem essa raridade? Eu assimilei isso muito bem depois desse ano, foi uma mudança muito profunda de pensamento. Não vou ficar a vida inteira ''parada'' na de um cara que não quer nada comigo. Posso até lutar por ele um tempo, lógico, mas não volto atrás nessa concepção.''


"Eu nunca, em hipótese alguma, poderia trabalhar trancada em um escritório, por exemplo. Desempenhando funções burocráticas e lidando com gente cheia de protocolo e falsa até no perfume que usa, sabe? É claro que na minha área, rola muita falsidade, muita egolândia, às vezes me emputeço com os ''meandros'' que corrompem o bom jornalismo, mas, ainda assim, é como estar desempenhando uma missão social. Eu gosto de estar na rua, de estar no meio da loucura, eu curto as histórias desse mundão povoado por gente anônima e cheia de curiosidades insanas. Eu curto a loucura, o cheiro de pauta quentinha saindo do forno. Isso é uma cachaça desgraçada, tô nessa por puro feeling mesmo, não foi algo que eu quis desde criança, a vida me direcionou o caminho." 


"Até tava falando com uma amiga minha sobre isso, dia desses. Eu lido muito bem com tudo, não curto frescuras, acho um saco esses "manuais de relacionamento" ou "10 passos para o cara cair na sua". Minha filha, se tu for uma baranga mala, ele nunca vai cair na tua, mesmo que tu siga todos os tutoriais possíveis existentes nesses sites "mulherzinha". Essa de que só o cara tem que ir atrás é uma babaquice absurda. Se os dois querem, por que só um pode efetivamente "jogar"? As revistas mandam a gente fazer um charminho, pois se não, eles não virão atrás. Isso é um machismo terrível, parece que só nós somos "conquistáveis", e eles que podem tomar a dianteira sempre. Qual é? E meu direito de conquistar? Tô me lixando pra isso do fundo do coração, eu sou o que eu sou, e acho uma delícia isso. Se eu achei lindo, eu falo e pronto. Se eu tô amando aquele momento, vou falar e pronto, vou propor um novo encontro na cara dura, dane-se. Não é questão de assustar o outro, é questão de ser honesto com o que rola por dentro. É claro que assim, a gente toma mais no cu, mas né, acho mais digno.  


"Eu tenho certo problema com pessoas tímidas, sabe... nada contra, mas bom mesmo é conversar com alguém que se revela, alguém que se confessa humano pra ti na mais correta definição da palavra. Que ri com vontade, fala bobagem, de-bo-cha do sistema, dessa sina brasileira, discorre sobre variados assuntos sem medo de soar ridículo ou alienado. Eu gosto de gente que ferve por dentro, gente que mostra os dentes, que chora com paixão, e vive eletrizado por sei lá o quê. Eu gosto de gente cerebral, vibrante, otimista, eu gosto dos românticos, sabe? Se tem uma coisa que me desconcerta, é eu falar de algo que detesto, e o outro dizer.. '' ah, pra mim, isso tanto faz... sou eclético". Eu respeito os tímidos, os comedidos, os discretos, mas sou fã mesmo é dos que se doam por inteiro, quebram a cara, e seguem sendo eles mesmos, porque não sabem ser outra coisa.



*Ping-pong é um tipo de entrevista. Imaginem vocês as perguntas.

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