Pular para o conteúdo principal

Pondé e a síndrome da direita forever-alone

Sigo meio bestificada com o último texto de Luiz Felipe Pondé em sua coluna semanal na Folha. Na ocasião, o festejado filósofo declarou que o maior desafio dos jovens brasileiros que não são de esquerda é ''pegar'' mulher. Tadinhos dos fãs do Bolsonaro, eles não conseguem pegar mulher. Eu só estou repassando, queridos, as palavras são do Pondé. Dado o horário em que a coluna foi colocada no ar, me pergunto se não era o caso de este senhor estar profundamente alcoolizado - ou sob efeito de alguma droga pesadíssima: madrugadas são convidativas à vida boêmia, vai ver, ele chegou de alguma festa e resolveu escrever sua coluninha da semana, entorpecido, vai saber. Mas não, creio que não, penso que o moço estava falando sério. Curioso é eu ver um monte de direitosos convictos - e talvez desconhecedores dos preceitos da posição política que carregam entranhada - por aí, pegando geral. Geral mesmo. Sabe aqueles lordes que curtem ''Orgulho Hétero'' como quem não quer nada no Facebook? Pois é, não sei como, mas eles seguem pegando bastante mulher, viu, Pondé? Dê uma olhada para os lados.
Bom, embora pareça, isso não me contraria. Beleza. Cada um na sua. Quero mais é que os reaça-boys namorem bastante - quem sabe, isso amoleça vossos coraçõezinhos. Só espero que não se reproduzam muito, só isso, que tenham piedade de nós. É possível que eu esteja sendo leviana aqui, mas convenhamos, curtir "Orgulho Hétero'', com paixão, é um indicativo feroz de que o carinha cultua ideias reacionárias pra caramba - logo, de cunho direitista. Façam o teste. Vocês já viram o que circula naquela página singela? É um prato cheio, pessoal. Não raro, muitos de seus discípulos reproduzem os mesmos discursos de ódio contra minorias, além de, claro, quase sempre citarem seu mentor intelectual predileto: o já mencionado Bolsonaro. Sim, Jair Bolsonaro, aquele que ganhou protagonismo na mídia ao dizer umas coisas escabrosas à cantora Preta Gil em cadeia nacional.
Foi tanta coisa que me passou na cabeça, após digerir - com certo esforço, confesso - as palavras da celebridade filosófica, que até fiquei confusa aqui. Até porque, na contramão do que ele afirmou com propriedade, não vejo a maioria dos jovens da minha faixa etária se intitularem isso ou aquele outro. Eu, a propósito, não estou munida de nenhuma pesquisa que indique quantos são da direita e quantos são da esquerda. Me perdoem os mais otimistas, mas tem umas figuras aí que até hoje não sabem que raios são as duas orientações políticas - e são tidas como pertencentes à elite intelectual brasileira. Quem sabe, você precise rever seu círculo social, hein, Dona Agridoce? É, quem sabe.  
Pondé foi mais longe e disse que os ''vermelhos'' ganham pontos na corrida pelo coração das chicas, por serem mais festivos. Para ele, a esquerda é mais festiva - e a direita precisa achar tal face desesperadamente. Não sei, nobre filósofo, não sei. Mas que eles são mais charmosos e interessantes, isso não se discute, viu? Chupa.


Auxiliou no post: 

Down to the waterline - Dire Straits 




Comentários

Anônimo disse…
O Pondé apenas criticou o discurso sedutor e emocionalmente apelativo da esquerda com seu humor politicamente incorreto.
A maioria dos textos que eu li focavam mais no Pondé tratando a mulher como objeto do que na crítica que ele estava fazendo.
Ou ele ta rindo até agora ou ele ta triste pq ninguém entendeu direito o que ele tava dizendo.

ótimo texto bruna :D bjo
Bruna Castro disse…
Pois é, de certa forma, entendi o que ele quis evidenciar.. essa coisa do discurso ''latino'', efervescente da esquerda, mas, ainda assim, não acho que os direitosos convictos vivem uma uma seca sem precedentes... hehehe

Obrigada, anônimo gentil. :)

Postagens mais visitadas deste blog

5 ANOS DE BLOG - PARTICIPE DA PROMOSHARE

Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima:                         #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive