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Lorena e Vítor - o começo

Estava eu aqui de bobeira, cá com meus botões, e me toquei de não ter dado satisfações nenhumas sobre a Lorena e o Vítor. Caso não se lembrem deles, aqui tem dica.

Vítor e Lorena, o casal que nunca foi, mas que, depois que deixou de não ter sido, deu certa saudade. Eram muito improváveis os dois. Conheci bem de perto. Nem imaginam, aliás, que os desnudo por essas bandas. Não contem, a propósito, our little secret

Lorena segue vivíssima, mas vou conjugá-la no passado. Era um tipo curioso. Fumante crônica. Chata convicta. Petulante, estudava arquitetura, mas era boa mesmo em arquitetar meios de se esconder de si mesma. Toda problemática, detestava o curso, escolhido a esmo, tudo porque ela era muito boa em desenhar janelas. Gostava de dançar Lust for life pelada em frente ao espelho, com os peitos balançando, sonhadores, enquanto achava que ninguém podia vê-la. Servia mesas num barzinho onde um cara tocava piano magistralmente - era o Vítor. O Vítor era músico e ator, mas não ganhava dinheiro com nenhuma das duas artes. Era um tipo que dá vontade de morder - eu tranquilamente morderia o Vítor, se o visse em cima duma mesa dando sopa -, olhar, cheirar, querer. O Vítor era um romântico. E tinha uns olhos que faziam perder o rumo de casa. O Vítor também era bonachão - todas as mulheres queriam sentar-se no amor do Vitinho. Uma espécie de Edu, Coração de Ouro dos anos dois mil. Só que Loreninha nem aí. E ele lá, tocando de boinha seus Chopins, só imaginando como seria interessante ter aquela doidivana mais perto que o usual. Até que um dia, aconteceu. Eu vi tudo, por trás de uma árvore. O bloquinho em mãos, só esperando o cataclisma.
Se apaixonaram, vai saber como, vai saber por quê. Acho que tudo começou naquela tarde em que a Lorena foi trabalhar com a blusa virada, era a marca registrada da nossa heroína: as etiquetas acenando por fora da roupa. O Vítor não deixou barato e disse algo espirituoso, como era do seu feitio. Ela quis fazer a superior, mas não se conteve e ficou só de sutiã ali mesmo, rindo, entregue àquela novidade de reconhecer no colega de trabalho uma nova saída. Aí, meus amigos, ela chegou bem perto dele, com os olhinhos imaginando traquinagem, semidespida metafórica e literalmente, e lhe deu um beijo no rosto. Um simples beijo queimando de curiosidade.

Deve ter sido ali, mas não tenho certeza. A fumaça do cigarro da Lorena me fez sair de lá.










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