Ninguém fala muito a respeito, mas no fundo todo mundo sabe. Todo mundo sente quando é segunda opção. Se você não é segunda opção, que bom, parabéns, seu troféu está a caminho. Claro que há uns poucos sortudos e sortudas que não pegam fila, mas no geral a competição pelo coração alheio é mais cansativa que uma São Silvestre. Estudos apontam - sim, porque os estudos sempre apontam - que não está não sendo fácil, está é sendo impossível mesmo. Kátia, me ajuda. Ajuda nóis.
Os segundas-opções são ótimos, eles nem sabem que são, mas têm um sorriso inocente que ilumina o mundo. Sorriem sem motivo, são bobos alegres. Mais bobos que alegres. E sobrevivem da caridade de quem os detesta. Ou melhor, de quem os visualiza, e não responde - educadamente, claro. Poucas coisas são tão irritantes quanto ser ignorado com parcimônia. Se fosse com grosseria já era meio caminho andado para o ódio se instalar, que ódio também é vivência e catarse, não sejam tão católicos.
No fundo, esta crônica é um grande desabafo pois o fato é que eu estou no fogo cruzado. Eu faço de segunda opção e sou feita dela também. É uma via horrorosa de mão dupla. Nós fazemos isso, todos temos nossos estepes - como aprendi erraticamente desde novinha neste jogo sujo que é banda do clube dos corações solitários. "É a vida", dirão alguns, e não é impunemente que ela anda tão mesquinha. Eu não sei as circunstâncias por que muitos endureceram e perderam la ternura, mas não tenho dúvida de que é um conceito equivocado. Nem vou apontar soluções, quero mais é que a gente exploda nesse inferninho de superficialidade. Explode, imbecil, explode.
Quando o Thiago preferiu a Patrícia, em detrimento do meu coraçãozinho pueril, lá pelos idos de 95 (caraca, 20 anos da pré-escola!!!) eu vi que o amor era um joguinho do mal e injusto. Assim, o Thiago até dividiria a gangorra da pracinha comigo - desde que Pati, a soberana, não estivesse por perto. E aí eu ficava lá com as migalhas de Thiago, invejando ela na apresentação de Natal, a vitoriosa, a dona do coração do lordzinho, com uma sensação horrível sufocando a garganta e pensando que eu era pouco para aquele simpático bananinha de 6 anos. E poucas coisas são tão tristes quanto se sentir pouco para alguém. Eu queria ser a Pati. Eu queria que o Thiago me olhasse como olhava ela - ela, que estava de olho mesmo era no Rômulo. A paixão e suas conexões perversas, uma quadrilha Drummondiana desde sempre.
Cresci, e esse sentimento não me deixou completamente. Eu sei que não deixou vocês totalmente também. Para todos os efeitos, seguiremos sendo crianças na pré-escola. A diferença é que agora não é possível chorar por qualquer coisa no meio da aula. E eu superei o Thiago, até porque ele não tinha personalidade para brincar no trepa-trepa comigo. Espero que siga trepando bem mal hoje em dia.
(essa montanha de ferro foi e sempre será minha Disney)
Auxiliou no post:
Ela disse adeus - Paralamas do Sucesso
''Sempre o último a saber...''
Os segundas-opções são ótimos, eles nem sabem que são, mas têm um sorriso inocente que ilumina o mundo. Sorriem sem motivo, são bobos alegres. Mais bobos que alegres. E sobrevivem da caridade de quem os detesta. Ou melhor, de quem os visualiza, e não responde - educadamente, claro. Poucas coisas são tão irritantes quanto ser ignorado com parcimônia. Se fosse com grosseria já era meio caminho andado para o ódio se instalar, que ódio também é vivência e catarse, não sejam tão católicos.
No fundo, esta crônica é um grande desabafo pois o fato é que eu estou no fogo cruzado. Eu faço de segunda opção e sou feita dela também. É uma via horrorosa de mão dupla. Nós fazemos isso, todos temos nossos estepes - como aprendi erraticamente desde novinha neste jogo sujo que é banda do clube dos corações solitários. "É a vida", dirão alguns, e não é impunemente que ela anda tão mesquinha. Eu não sei as circunstâncias por que muitos endureceram e perderam la ternura, mas não tenho dúvida de que é um conceito equivocado. Nem vou apontar soluções, quero mais é que a gente exploda nesse inferninho de superficialidade. Explode, imbecil, explode.
Quando o Thiago preferiu a Patrícia, em detrimento do meu coraçãozinho pueril, lá pelos idos de 95 (caraca, 20 anos da pré-escola!!!) eu vi que o amor era um joguinho do mal e injusto. Assim, o Thiago até dividiria a gangorra da pracinha comigo - desde que Pati, a soberana, não estivesse por perto. E aí eu ficava lá com as migalhas de Thiago, invejando ela na apresentação de Natal, a vitoriosa, a dona do coração do lordzinho, com uma sensação horrível sufocando a garganta e pensando que eu era pouco para aquele simpático bananinha de 6 anos. E poucas coisas são tão tristes quanto se sentir pouco para alguém. Eu queria ser a Pati. Eu queria que o Thiago me olhasse como olhava ela - ela, que estava de olho mesmo era no Rômulo. A paixão e suas conexões perversas, uma quadrilha Drummondiana desde sempre.
Cresci, e esse sentimento não me deixou completamente. Eu sei que não deixou vocês totalmente também. Para todos os efeitos, seguiremos sendo crianças na pré-escola. A diferença é que agora não é possível chorar por qualquer coisa no meio da aula. E eu superei o Thiago, até porque ele não tinha personalidade para brincar no trepa-trepa comigo. Espero que siga trepando bem mal hoje em dia.
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Ela disse adeus - Paralamas do Sucesso
''Sempre o último a saber...''
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