Pular para o conteúdo principal

1461 dias

1461 dias de jornalista. Que coisa, por que essa sensação de que passa tão rápido? Não que eu queira voltar às salas outrora frequentadas - Deus me livre! -, mas eu toquei a pensar no que isso representa na minha vida. Foi inevitável, os corações são meio apegados a datas, vocês sabem.
Eu não sou o tipo de jornalista que quis isso desde criança, foi mais como se as vivências tivessem me direcionado o caminho. Quando vi, tava lá, um breu só. Hoje me interesso por coisas diferentes e tenho vontade de me reinventar, talvez até tivesse feito outro curso. Sim, pois a cabeça muda - e, sim, começar faculdade com 17, 18 anos... que insano, pessoas, que insano. Porém, pela essência da coisa eu sou caidinha. E quando chamo minha profissão de madrasta, não é por ser uma raivosinha sem causa; é por ter em mente que criticidade é o único analgésico possível. O jornalismo é lindo, mas é um nojo também. Eu o amo, mas não posso passar a mão em sua cabecinha sempre. Eu sei bem a quem ele serve. Dói, né? Sempre dói, que remédio.
Ter um diploma... ter um diploma... qual o propósito disso, de verdade? Se formar, ter um emprego, contrair dívidas, trabalhar na mesma rotina previamente sistematizada e capitalizada (não se enganem: cursar jornalismo não livra ninguém de rotina produtiva e pautas insuportáveis sobre a festa da paróquia!), mas, me diz aqui, a gente muda alguma coisa? Eu tô interessada é em mudar as coisas, sabe... eu tô vivendo é pela bagunça. Já que não vai rolar a exclusiva na banheira com o Mercury, que ao menos os céus me livrem de trabalhar com boçal e para eles. Eu sou uma criança.
São dezenas se formando a cada ano. São dezenas ingressando nos bancos universitários idem. É muita gente, cara, é muita gente. Quando eu penso que muitos desses vão estar, daqui uns meses, fazendo página de Facebook em causa própria, porque, sei lá, se acham muito famosos, um pouco de mim morre. Quando eu penso que muitos, logo, estarão cobrindo o dia de praia da Chatolina Dieckmann única e exclusivamente para pagar as contas, ainda que sejam talentosíssimos, uma lágrima de sangue cai. Mas resisto, tem muita coisa boa em ser desse time, quer dizer, isso é praticamente uma seita.
Só quero fazer o meu melhor e beber umas no boteco da esquina trocando uma ideia decente com outros colegas de profissão - de preferência com uns que não se levem tão a sério a ponto de acharem que tem fãs, claro. Em suma, eu quero mais. Eu preciso de mais. Mas não, eu não falo de cifras.



Auxiliou no post: 

Come on Eileen - Dexys Midnight Runners






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

5 ANOS DE BLOG - PARTICIPE DA PROMOSHARE

Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima:                         #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive