Aí o cara recebe a graça divina de cruzar com o Chico
pelos Leblons da vida – eu, por exemplo, como não conheço Leblon nenhum e
frequento só as catacumbas do nada, dificilmente seria agraciada com tal coisa.
É o Chico, cara, o Chico, caralha!!!! Não sei... mas se eu
tenho a sorte de uma figa de cruzar com o filho do Sérgio, talvez contrariasse meu histórico efusivo ridículo: possivelmente ficaria petrificada, abestalhada. Talvez começasse a babar, é um
chute. Ou chorar, porque toda uma carga de canções já gravemente somatizadas
encontraria saída nos olhos. Olhos nos
olhos, quero ver o que você diz......
O Chico, cara. Tu imagina, menino, encontrar esse
esquerdinha que tem apartamento em Paris? Será que o condomínio é muito caro?
Digo, o cara que escreveu Futuros Amantes, a música mais desgraçadamente
romântica e linda de todas as eras deste e dos outros mundos. O cara que
escreveu Meu Guri. Oh, céus, vocês já pararam para sorver a epopeia
social e maravilhosamente triste que é Meu Guri? O cara que escreveu
Construção. O que é Construção, se não um hino, uma ópera do trabalhador, do
oprimido, uma faca no coração da gente? O Chico nos assassina, mas quem disse
que temos ousadia de morrer? Eu que não morro, meu filho. Não antes de o amor cair doente...
O cara encontra esse ícone, essa lenda, essa
instituição, dando sopa já devidamente alimentadinha (perdão pelo trocadilho)
– sinalizando, aliás, que a pessoa em questão possivelmente está de bom humor -,
e o que esse adorável ser faz? Xinga o homem, claro. Xinga o PT, óbvio, porque
tudo está muito dentro do contexto. E nós aqui, salivando por um dedo de prosa
com essa crônica viva da música e dos mistérios humanos. Imagina falar merda
com o Chico, cara? Falar merda, sabe, como quando tu encontra um velho amigo e
vocês ficam ali naquele lapso de eternidade, ganhando tempo com papos
aleatórios e se deliciando com o riso do outro - as bocas abertas de alegria e
amor inundando o ar. Mas nãããão, a pessoa vai lá e enche o homem gratuitamente
de grosseria. O brasileiro me fascina.
Comentários