Sou uma feminista medíocre, raramente milito em detrimento de minhas rotinas pessoais. Mas nunca fui escrachada ou tive minha ''carteirinha'' confiscada no movimento. Sigo me depilando, usando maquiagem e sendo uma romântica insuspeitíssima (é a vênus em libra, perdoa). Eu sou uma mulher de verdade, sabe? Mas também tem mulher de verdade que não é feminista. Mulher de verdade que nem sabe o que é feminismo e por algum motivo acha-o dispensável em sua vida. Também tem mulher de verdade que é feminista e, ao contrário de mim, escolheu não se depilar, usar maquiagem ou acreditar no amor. E tá tudo bem igual. Todas são mulheres de verdade. Todas têm suas dores e vivem segundo as circunstâncias que acharam em seus caminhos. Tem mulher de verdade que gosta de rosas e mulher de verdade que acha isso um saco, tipo eu. Posso receber minha parte esmagando gatinhos?
Tem mulher de verdade que já abortou, muita mulher de verdade que ainda vai abortar. Tem mulher de verdade que já traiu o marido, o namorado. Mulher de verdade que ama outras mulheres. Mulher de verdade que ama mulheres e homens. Mulher de verdade que, por algum motivo, não exerce a maternidade do jeito que disseram que era o certo: ela é solteira e sai todo final de semana para beber com as amigas, mas segue sendo uma puta mulher. Todas nós somos putas. Tem mulher de verdade que nasceu biologicamente com um pênis, e quem é você para dizer que ela não pode? Tem mulher de verdade que milita no movimento negro, mulher de verdade que sofre preconceito étnico, mulher de verdade de dreadlocks e tranças, tem mulher de verdade que alisa o cabelo. Tem muita mulher de verdade nas tribos indígenas que resistem nesse país imenso. Tem mulher de verdade gorda e magra. Tem mulher de verdade com deficiência física. Tem mulher de verdade que não quer ter filhos. Tem mulher de verdade que teve filhos mas não queria. Casou mas não queria. Tem mulher de verdade que quer casar e cuidar somente da casa, qual o problema? Pensar que só essa vida é bacana é que é problemático.
Tem mulher de verdade que é chamada de guerreira, mas intimamente está cansada desse embate em que só ela cozinha, só ela limpa, só ela cuida, só ela organiza, só ela, só ela, porque culturalmente foi ensinada que só ela DEVE - do contrário, seria uma pessoa sem brio. Ou alguém que não valeria a pena ter ao lado como namorada, esposa. Sabe, você não é guerreira, você é oprimida. Mas isso não é vergonhoso. Vergonha é oprimir, protegido pelo manto sagrado do ''mamãe me ama, faz tudo por mim''. Vergonha é não lavar um copo sequer na pia, já que ''aquela moça que trabalha aqui é paga pra isso.'' Não é?
Tem mulher de verdade de tudo que é jeito. E todas elas são muito de verdade, porque só elas sabem a delícia e a dor de serem o que são. Menos florzinha e promoção sexista e mais empatia, que tal?
Tem mulher de verdade que já abortou, muita mulher de verdade que ainda vai abortar. Tem mulher de verdade que já traiu o marido, o namorado. Mulher de verdade que ama outras mulheres. Mulher de verdade que ama mulheres e homens. Mulher de verdade que, por algum motivo, não exerce a maternidade do jeito que disseram que era o certo: ela é solteira e sai todo final de semana para beber com as amigas, mas segue sendo uma puta mulher. Todas nós somos putas. Tem mulher de verdade que nasceu biologicamente com um pênis, e quem é você para dizer que ela não pode? Tem mulher de verdade que milita no movimento negro, mulher de verdade que sofre preconceito étnico, mulher de verdade de dreadlocks e tranças, tem mulher de verdade que alisa o cabelo. Tem muita mulher de verdade nas tribos indígenas que resistem nesse país imenso. Tem mulher de verdade gorda e magra. Tem mulher de verdade com deficiência física. Tem mulher de verdade que não quer ter filhos. Tem mulher de verdade que teve filhos mas não queria. Casou mas não queria. Tem mulher de verdade que quer casar e cuidar somente da casa, qual o problema? Pensar que só essa vida é bacana é que é problemático.
Tem mulher de verdade que é chamada de guerreira, mas intimamente está cansada desse embate em que só ela cozinha, só ela limpa, só ela cuida, só ela organiza, só ela, só ela, porque culturalmente foi ensinada que só ela DEVE - do contrário, seria uma pessoa sem brio. Ou alguém que não valeria a pena ter ao lado como namorada, esposa. Sabe, você não é guerreira, você é oprimida. Mas isso não é vergonhoso. Vergonha é oprimir, protegido pelo manto sagrado do ''mamãe me ama, faz tudo por mim''. Vergonha é não lavar um copo sequer na pia, já que ''aquela moça que trabalha aqui é paga pra isso.'' Não é?
Tem mulher de verdade de tudo que é jeito. E todas elas são muito de verdade, porque só elas sabem a delícia e a dor de serem o que são. Menos florzinha e promoção sexista e mais empatia, que tal?
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