Pular para o conteúdo principal

O cachorro sem nome

- Que graça, qual o nome dele?
- Ele não tem nome... nem pensamos nisso. É peludinho, fofinho... sabe...?
- EHEHEHE LEGAL

Sério? Really? Ora não tem nome, que mundo é esse? É quase uma negação à identidade do cão. Não dar nome para um cachorro não é das piores coisas que se veem por aí, claro, mas que a vida perde em encantamento, ah perde. Não perde? Fala sério. Que me perdoem os pragmáticos, mas criatividade é fundamental. Eu me amarro.
Eu, por exemplo, sou mãe, cof cof, do Menelau, do Aquiles e do Ulisses. Vivo rodeada por três felinos gregos. Quem terá a ousadia de dizer que não sou uma desocupada espirituosíssima? Dia desses, revelei o nome do primeiro quando recebi a visita de uma prima, e ela, surpresa, só faltou rir na minha cara. O nome pode até ser feio, mas é de reizinho. Reizinho do meu coração.
A infinidade de possibilidades me faz divagar, e, divagando, não consigo não ficar prostrada quando me deparo com ''peludinhos'', ''fofinhos'', ''bolinhas'', ''pretinhas''. A vida é muito curta para não viajar um pouco e arrancar umas risadas. Batiza aquele ratão que mora no teu telhado de Jerry, batiza. É publicitário? Que tal uma dupla canina chamada Arte-final e Layout? Gosta de ditadores europeus? Que tal a tríade Hitler, Mussolini e Salazar? Credo, vou apagar isso. É amante dos velhos tempos hollywoodianos? Imagine uma gatinha Bette Davis? Meu Deus, ou caturritas afinadíssimas: Maria Callas e Montserrat Caballé!!! Há uns anos, tive, por breves momentos, uma cadelinha de nome Scarlett O'Hara. Diva era pouco. Minha avó, que nunca ouviu Beatles, tinha um rottweiler que atendia por Ringo Starr. E ele tocava bateria.


                                                     Foi mal, Callinhas.



Auxiliou no post: 

Let's dance to Joy Division - The Wombats








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive

Era só ter colocado na lista

Vou fazer uns pães de queijo. Bah, não tem queijo. Mas tu não foi ao mercado? Fui... Silêncio.  Tu não compra nada que não esteja na lista? Não.  Entendi boa parte da vida nesta pérola da crônica familiar, que deve ser realidade em muitos lares brasileiros. E é. Homens num geral não vivem realmente nos lugares que habitam, consideram-nos hotéis, um respiro onde comem, dormem e passam um pouco de tempo inertes, antes de voltar ao que de fato interessa: construir prédios, gerenciar guerras, fabricar cerveja artesanal, proibir mulheres de abortarem, dominar a política, etc. Mesmo que queiram ardentemente uma fatia de queijo mais tarde. É claro que há exceções (eu sei que nem todo homem , fica na paz de Santa Cher aí, irmãozinho), provavelmente os que moram sozinhos e se obrigam a pensar sobre trivialidades da casa, afinal, ninguém fará por eles. Entretanto, em se tratando de famílias formadas por casais heterossexuais com filhos, algo muito forte me diz que o diálogo