- Coloca aquele blusão ali, de gola...
- Ew, não gosto dessa gola...
- Mas tu gostava!!!
- A gente muda, mãe...
E aí nasceu uma crônica. Percebam como trabalha a nossa mente. De nós, os cronistas. Percebam como é sorrateira a mente de uma cronista jovem e com idiotices mil na cabeça. Tudo é inspiração e ela não tem hora para chegar; ela vem, senta, pede um café. Eu sempre estou pronta, ela é de casa. Aqui, as blusas de gola não servem mais, perderam a validade, naaah, é como se eu me sentisse presa. A gente muda, e que bom que muda!! Porque ser sempre a mesma coisa enjoa, chega uma hora em que a gente nem se surpreende mais consigo mesmo - e isso é sempre um drama. Eu mudei um monte já, embora ache que não. Eu não suportava The Doors; hoje saio requebrando os quadris quando ouço a vozinha do Jim... ô, Jim, vem cá. Eu não bebia cerveja; hoje para me fazer feliz é só chamar para um rockzinho com 3 latões a 10 pila - pila mesmo, que aqui neste blog não temos mais tanta frescura ortográfica. Sigo querendo esbofetear uns quando vejo crases mal empregadas, entretanto. Sorry, I ain't sorry.
A gente muda, e bom mesmo é quando a gente passa por cima dos próprios preconceitos e das próprias amarras mentais, quando entende que o universo não está assim tão interessado em nos ferrar e toda perseguição presumida não passa de síndrome de umbigo não resolvida. Não serei tão leviana ao falar de gostos pessoais, pois uma criatura que já leu esses sociólogos franceses da vida nunca mais enxergará meras preferências como obras do acaso, mas falo mesmo é dessa errância que nos põe para frente, que nos instiga... desses amores que nos atropelam e nos fazem sentir vivos, que ar novo é esse nos meus pulmões? Eu não gostava de gatos; hoje tenho em mim todos os gatinhos do mundo. Que lástima, sigo fazendo trocadilhos idiotas com autores famosos. Um beijo, Fernando Pessoa, eu te amo.
Mudar é bom, mas melhor mesmo é quando a gente não muda somente para agradar uma plateia, uma pessoa, um quase amor. Bom mesmo é quando a gente não muda de princípios e de caráter para caber numa situação, num projeto falso de felicidade. Mudar é bom mesmo quando a gente se reconhece naquela mudança, quando somos honestos com isso que chamam de essência. Por isso, não tem jeito de eu investir nessas botas pavorosas que vão acima do joelho. Exceto, claro, se eu for convidada para trabalhar no Xou da Xuxa, tudo é negociável.
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