A maternidade me fascina, mas não de um jeito acolhedor, como se eu quisesse ser genitora algum dia. Meu fascínio é meramente curioso, um mero voyeurismo social de uma mente questionadora além da conta - e que sofre por ser assim muitas vezes. Quem entende de verdade as mães?
Quem me lê há tempos, sabe que ser mãe não é um sonho na minha vida - desconfio de que nunca será -, porém não é por ser essa montanha de gelo que não se imagina chamando o Chris Evans II pro banho, que eu não me atraia pelo caráter político da coisa. Tá, pensei melhor: ser mãe dos filhos de Christopher seria lindo. Daria à luz um time de futebol-sete tranquilinho. Imagina que amorzinho todos andandinhos vestidos de Capitão América igual ao papai? De camisetinha do New England Patriots???? AWNNNNNNN OK PAREI
O fato é que mães têm minha total compreensão e apoio, além de empática inquietação. Essa coisa que a sociedade espera, de que sejam heroínas, desfaleçam pela prole, se destruam por casamentos fracassados, abdiquem da vida pessoal pelo bem estar dos filhos, tudo isso me deixa doente das ideias. "Ai, mas não é bem assim, Bruna". Vocês sabem que é, apontar o dedo sujo para mulheres que são mães é esporte nacional. Talvez por isso, inconscientemente, eu tenha desistido da empreitada. Entre ser escrota ao afirmar isso e perder minha liberdade, ser escrota é minha meta desde criancinha.
Mãe não nasce sabendo ser mãe. Essa brincadeira de cuidar de outro ser humano é loucura, vocês têm noção da cilada? Respeito muito, porque eu não tenho o dom. Admiro, mas também planto a sementinha da desobediência. Rebelem-se, mães! Ou me chamem para trocarmos umas ideias, sem julgamentos, sem seriedade, ao melhor estilo ''respostas sacanas para perguntas cretinas''. Eu, felizmente, mesmo sendo essa enviada do demônio, tive muita sorte na vida. Putz, sou abençoada! Tenho uma mãe fora de série, um verdadeiro mulherão da porra cuidando de mim desde que nasci, naquele domingo ensolarado de agosto. Mas minha mãe sofre, minha mãe não sabe tudo, minha mãe tem dúvidas, minha mãe já fez muita burrada. Não me levem a mal, mas sempre penso que nós, os filhos desses seres humanos incríveis, carregamos o peso de muitos traumas deles próprios nas costas. Vai saber se não é por causa delas que vivemos mergulhados em ansiolíticos e entupimos as salas de espera de terapeutas diversos? Ter ciência disso, na melhor das hipóteses, pode nos ajudar a julgar menos as realidades que se apresentam. Elas estão fazendo o melhor que podem - e tudo isso tateando no escuro.
Por isso estas palavras hoje, nesse dia marcado por hipocrisias - como é de se esperar de todo amor mercantilizado por datas medíocres, que fazem com que nos sintamos uns lixos se não gastarmos uma nota numa cesta de café da manhã. Por isso não me apetecem, mesmo que façam muitas queridas alegres, dedicatórias como guerreira, deusa, etc. Ninguém conhece os medos dos guerreiros. E, no fundo, o que eles mais queriam na vida é que soubéssemos que eles também podem sangrar.
Auxiliou no post:
Valsa Epônina - Izumi Tateno
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