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A fraqueza do Alex - e a minha

Minha última sexta-feira foi punk. Culpa dele, do russo. Do Tchaikovsky (sim, eu fui procurar como se escrevia, neste bloguinho não há espaço para arrogâncias). Na busca por aprender a ser mais cisne negro para sobreviver com mais dignidade e deixar o cisne branco somente para ocasiões especiais, me perdi na mágica do homem. Do Liszt também. Porra, Liszt! Aí eu fui mais adiante, seguindo o coelho branco, e topei com Schubert, cujas traquinagens pouco conhecia. Cataaaaaarse! Droga pesadíssima. Como é que deixam adultos desavisados escutarem isso? Estou até agora meio entorpecida. 
Ah... esses estrangeiros maravilhosos. Estrangeiros que eu adoraria gritar que fossem brasileiros, claro, mas por alguma razão a maioria das pérolas são enlatadas - essas latas eu abro com gosto. Primeiro mundo auxiliando brasileiros medianos a escrever textos complexos em madrugadas febris - muitos dos meus trabalhos de faculdade foram feitos à base de Chopin e chazinhos muito loucos de ervas legalizadas. Um pira muito doida, irmãozinho. Como não entrar em transe ouvindo este pianista absurdo que, desde que ouvi pela primeira vez, pareceu moer meus miolos? Entreguei meu coração na primeira escutada. Nunca mais fui a mesma depois de escutar seus noturnos. Me lembro de ter ouvido algum deles numa novela, muito nova, e ter sucumbido às lágrimas. Chorei como um bebê e não sabia o motivo. No outro dia, ao comentar com uma amiga no colégio o acontecido, soube que o choro tinha sido real por lá também. Ali entendi que a música tinha esse poder curativo e transcendental de unir almas. E que nós duas éramos choronas estranhas. Por via das dúvidas, fui ver qual era a do tal Xopã. Estamos juntos até hoje. Piano é pior que cocaína.  
Falando sério, especialistas dizem que ouvir música clássica faz bem para os ouvidos, para a vida, até mesmo para aumentar a inteligência dos já mencionados miolos. Quais são os especialistas? Aí vocês vão ter que procurar porque eu não recordo onde li a notícia. Mas deve ser verídico. Longe de mim querer entrar numa dicotomia furada de que quem escuta esses senhores é mais interessante intelectualmente ou mais isso e aquilo, mas vocês hão de convir comigo: nem só de balançar a raba e ouvir porcaria vive um ser humano. Tem uma hora em que o espírito pede arrego. Tem uma hora em que essa parte responsável por nos encantar pede para ser tocada, acarinhada. Não é possível que algo como Clair de Lune, por exemplo, não mexa com alguma coisa aí dentro. Porra, Clair de Lune é um acontecimento. Eu ouvindo Clair de Lune deve ser comparável a Alex DeLarge apreciando a Nona de Beethoven (acho uma graça como nosso singelo psicopata se refere ao compositor alemão pelo primeiro nome, Lud-wig-vééén, que medo). Eu e o doido: entregues, domados, feridos de venenosa contemplação.
O fato é que essas coisas me comovem muito, sempre, sempre, desde pequena - fui uma criança deveras contemplativa, como podem perceber. E sigo uma adulta que aaaama uma trilha instrumental seja lá do que for. Não sei avaliar técnicas, estilos, escolas, nada, nada, mas aqui bate um coração muito vulnerável ao que não consegue entender. E ao que fascina. Tadinho.


                                   essa eu botei só para aterrorizar geral kkkk




Auxiliou no post: 

Liebestraum - Franz Liszt








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