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Verdinhas

        Vocês, certamente, as conhecem. Elas enchem os olhos. São charmosas e circulam na mão de gente tida como interessante, bonita, cool e de melhor caráter. Não adianta, as verdinhas têm poderes mágicos. Desde a minha infância, escutei que elas não eram assim tão importantes, que nunca substituiriam uma boa índole, um bom coração, um sentimento nobre. Porém, creio que fui, gentilmente, vítima de um equívoco. Gente, aqui vai um segredo que guardo, faz tempinho: a geral só pensa nelas. O mundo gira em torno da superfície lisinha e colorida delas e do pacote de bonificações que vem a tiracolo. Como pude ser tão ingênua? Não se assustem, logo tô voltando para Saturno. 
         Essas glamurosas estão no cerne de tudo. Tudinho. Se você estuda, por exemplo, é para tê-las. Não pense que é para agregar conhecimento a sua existência e bla bla bla. Balela. Você estuda horrores de textos e fórmulas para atraí-las. Como imã, sabe? Tenha uma coleção de diplomas e elas virão. Danem-se as reflexões, a troca de idéias, o debate. Se essa conversa fiada não traz verdinhas, não é digna de respaldo. Verdinhas comandam. Verdinhas têm a força e são invencíveis. Os professores bem que tentam eufemizar a situação, citar algum autor que fale bonitinho, mas, no fundo de seus coraçõezinhos acadêmicos, sabem que só elas interessam. Bobinhos.  
         Você pode ser tipo um zero à esquerda, ter opiniões formadas tanto quanto uma parede, mas - vejam só - se tiver um caminhão dessas tais verdinhas da felicidade, será promovido à categoria de ser pensante. Vai ser um arraso, ostracismo nunca mais: o mundo vai amá-lo. Vai chover companhia, elogio e telefonema. Lindo demais! Essas danadas fazem um bem que só vendo, hein?     
          Mas tem que ser aos montes, incontáveis. Quanto mais, melhor. Só assim para se ter algum respeito nessa vida, viver feliz e sentir plenitude. Sem elas, necas. Ainda bem que descobri a tempo. Ufa!   

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