(A crônica a seguir é uma espécie de xodó para mim. Não que seja da conta de vocês, mas foi com ela que ganhei o Prêmio Talento Júnior/Crônica, da semana acadêmica do meu curso, em junho de 2008. Escrita em 24/05 do mesmo ano, sob forte estado de raiva e comoção.)
Um pai e dois filhos caminham por uma rua do Rio de Janeiro e, de repente, quase são atropelados por um automóvel dirigido por um sujeito que atravessou o sinal vermelho. O pai, indignado, esbraveja em defesa sua e dos seus, entretanto, é, covardemente, espancado pelo fulano inconsequente, com uma barra de ferro até agonizar ensanguentado em frente aos filhos - a essa altura, em estado de choque.
Barbárie, heresia! Como é possível que nem na calmaria de uma saída a passeio em família tenhamos garantia de retorno com vida para casa? Não podemos sequer exigir que os motoristas não passem por cima dos pedestres, pois corremos o risco de parar em um hospital por coisa muito pior. É triste, mas, quando somos tomados por notícias como essas, nos damos conta de que o "emocional" do país está em frangalhos: a sociedade respira medo, afugenta-se em grades e em protestos silenciosos à frente do noticiário, com a certeza de que vive esperando pelo drama. Pelos catastróficos atos cometidos por cidadãos - aparentemente - inofensivos que, ainda que carreguem barras de ferro em seus carros, passam despercebidos em meio às dezenas de criminosos escancarados que julgamos serem mais perigosos.
Fernando Gabeira disse, certa vez, que estamos, permanentemente, sob forte emoção, que a normalidade não volta mais, em virtude de os crimes violentos sucederem-se a cada semana. É uma verdade desoladora, mas, realmente, tudo isso tornou-se costumeiro para nós. Nada mais nos abala a ponto de nos fazer tomar partido em prol dos direitos humanos, que - embora não pareça - ainda existem. Em vez disso, preferimos nos esconder e intensificar o uso de dispositivos de segurança. Nada mais. O medo é maior que qualquer vontade de lutar por justiça.
Em se tratando da nossa inércia frente a esses fatos horrendos, pouco há a ser feito, embora a indignação clássica seja um bom começo, já que nos ajuda e desconfiar de quem não é bandido, aos olhos de muita gente ingênua. Quanto ao constante pavor a que estamos expostos, à constante falta de civilidade de que somos vítimas, as expectativas são ainda mais inexpressivas, uma vez que qualquer um de nós pode se deparar com um louco por aí, parecido com o da historinha macabra, contada acima.
Um pai e dois filhos caminham por uma rua do Rio de Janeiro e, de repente, quase são atropelados por um automóvel dirigido por um sujeito que atravessou o sinal vermelho. O pai, indignado, esbraveja em defesa sua e dos seus, entretanto, é, covardemente, espancado pelo fulano inconsequente, com uma barra de ferro até agonizar ensanguentado em frente aos filhos - a essa altura, em estado de choque.
Barbárie, heresia! Como é possível que nem na calmaria de uma saída a passeio em família tenhamos garantia de retorno com vida para casa? Não podemos sequer exigir que os motoristas não passem por cima dos pedestres, pois corremos o risco de parar em um hospital por coisa muito pior. É triste, mas, quando somos tomados por notícias como essas, nos damos conta de que o "emocional" do país está em frangalhos: a sociedade respira medo, afugenta-se em grades e em protestos silenciosos à frente do noticiário, com a certeza de que vive esperando pelo drama. Pelos catastróficos atos cometidos por cidadãos - aparentemente - inofensivos que, ainda que carreguem barras de ferro em seus carros, passam despercebidos em meio às dezenas de criminosos escancarados que julgamos serem mais perigosos.
Fernando Gabeira disse, certa vez, que estamos, permanentemente, sob forte emoção, que a normalidade não volta mais, em virtude de os crimes violentos sucederem-se a cada semana. É uma verdade desoladora, mas, realmente, tudo isso tornou-se costumeiro para nós. Nada mais nos abala a ponto de nos fazer tomar partido em prol dos direitos humanos, que - embora não pareça - ainda existem. Em vez disso, preferimos nos esconder e intensificar o uso de dispositivos de segurança. Nada mais. O medo é maior que qualquer vontade de lutar por justiça.
Em se tratando da nossa inércia frente a esses fatos horrendos, pouco há a ser feito, embora a indignação clássica seja um bom começo, já que nos ajuda e desconfiar de quem não é bandido, aos olhos de muita gente ingênua. Quanto ao constante pavor a que estamos expostos, à constante falta de civilidade de que somos vítimas, as expectativas são ainda mais inexpressivas, uma vez que qualquer um de nós pode se deparar com um louco por aí, parecido com o da historinha macabra, contada acima.
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