Pular para o conteúdo principal

Sobre sensações do mal, um best-seller imaginário e Jake Gyllenhaal

O assunto era tão bacana, tão de ficar horas divagando - a m o - que resolvi voltar com a mesma temática - repetitiva e chata que sou, obrigada. Humildemente - e talvez erraticamente, perdão por isso - eu acabo entrando no campo da psicologia, e, no maior achismo que me é peculiar, insisto em dizer que a sensação é o que nos fere. Tempos atrás, eu levei um fora tão mas tão ridículo, que eu quis tomar um cianuretinho assim de leve, sabe? Todavia, contudo, entretanto, lembrei que eu iria a uma pizzaria fabulosa à noite, como morrer com dor na consciência por ter relegado um rodízio de pizza pago por papai??????? Eu nunca poderia ir pro inferno com essa culpa. Não dava, então tratei de aceitar a sina de ser uma rejeitada. E eu me senti realmente a mais rejeitada das criaturas - coisa que não me sentiria, se o tal anticlímax tivesse sido há uns... digamos... 6 meses. Na referida fase - sim, a vida é feita de fases, tcharam - eu estaria nem aí. Beleza, não me quis, tem quem queira, e aí, lindo, vai rolar aquela sessão de Doutor Jivago ainda, nerd da minha vida??????? Me espera com vinho e paixão. Eu partiria pra outra, sem titubear, com um sorriso condescendente, lamentando por ele o fato de não termos nos conhecido mais a fundo. Jamais por mim. Sim, eu seguiria sendo uma rejeitada, ali, mas não me sentiria como uma. Salve, autoestima, que resolve aparecer e sumir de repente de nossas vidas, tal qual os rabicós de cabelo, as lixas de unha, o amor-próprio, os olhos azuis do Gyllenhaal dos meus sonhos adultos (nada como um eufemismo pra não chocar a audiência cristã, hein). Além disso, também já dei zilhões de foras, ninguém merece apreço por pena, tipo encomenda, né, por favor. O negócio é se querer de graça.
O fato é que quando a gente se blinda contra essas sensações do mal que nos colocam num loop eterno de terror, a gente pode tudo, a gente tá em paz, a gente é feliz do jeitinho escrotinho que é. A gente aceita foras não como um castigo por ser tão imbecil, mas como uma contingência da vida. Ok, na próxima, vão rolar uns amassos, certeza. Porém, essa blindagem é frágil, vocês sabem, o mundo tá sempre pronto pra acabar com nosso brio, pra satanizar uma das coisas mais bacanas que há em nós, a tal confiança. E, se eu tivesse um jeito de fazê-la grudar na gente, certamente já teria escrito um best-seller de autoajuda, ficado milionária, e estaria nesse momento agarrada nessa coisa linda abaixo. Não, de pijama, com uma dor de garganta do demônio, babando nessa tela de notebook.



                                        Acho prudente cê não me olhar assim, Jake...............





Auxiliou no post:

Imitation of life - R.E.M








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive

Era só ter colocado na lista

Vou fazer uns pães de queijo. Bah, não tem queijo. Mas tu não foi ao mercado? Fui... Silêncio.  Tu não compra nada que não esteja na lista? Não.  Entendi boa parte da vida nesta pérola da crônica familiar, que deve ser realidade em muitos lares brasileiros. E é. Homens num geral não vivem realmente nos lugares que habitam, consideram-nos hotéis, um respiro onde comem, dormem e passam um pouco de tempo inertes, antes de voltar ao que de fato interessa: construir prédios, gerenciar guerras, fabricar cerveja artesanal, proibir mulheres de abortarem, dominar a política, etc. Mesmo que queiram ardentemente uma fatia de queijo mais tarde. É claro que há exceções (eu sei que nem todo homem , fica na paz de Santa Cher aí, irmãozinho), provavelmente os que moram sozinhos e se obrigam a pensar sobre trivialidades da casa, afinal, ninguém fará por eles. Entretanto, em se tratando de famílias formadas por casais heterossexuais com filhos, algo muito forte me diz que o diálogo