Eu acho a dita balada
(só para fazer charminho usando um neologismo moderninho) uma das coisas
mais depreciativas do universo. Mas é aquela coisa, é um mal necessário, ela
precisa existir. Ela, a instituição balada. Eu sigo indo, claro, é um direito
proletário. De que vale a labuta semanal, sem isso? A sexta da lascívia, dos
hormônios pululando em meio às luzes, é a sobremesa depois de comer salada de
chuchu na segunda, na terça...
Enquanto eu viver, vou
deixar uma graninha nos caixas dos barzinhos e das festas da vida. Eu vou,
porque gosto de pensar que sou tipo uma prima próxima do Noel, sedenta por aquela boemia necessária e destrutiva em que ele
também se aninhava – uma poesia que não é perceptível sem alguns goles
depressores de álcool talvez. Não sei. Talvez eu canse dessas noites
infrutíferas em que se coloca toda a esperança de felicidade num sapato
vermelho de guerra, num vestido bonito, numa sedução que não se vê de dia,
porque é falsa. Certamente vou cansar. E certamente vou cansar de procurar
entender por que a gente corre toda sexta em direção ao vazio, à embriaguez
como cura para falta de autoestima, falta de carinho, falta de companhia que
realmente preencha as retinas de novidade. A diferença é que Seu Noel escrevia
uns sambas lindos, e eu... bom, eu nem violão sei tocar. É.Auxiliou no post:
Último desejo - Noel Rosa
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