Sempre a mesma cantilena. É só isso que eu ouço (tá, não é só isso
que eu ouço, mas precisamos de um tom enfático aqui, ok) quase como um mantra
sussurrado inconscientemente para dentro de nossos cérebros resignados. Não,
não acho que as pessoas - sempre elas, as pessoas - estejam/sejam vazias.
Ninguém é vazio, quer dizer, bradar que ''fulano
é vazio, cicrana é vazia'' pressupõe uma totalidade, dá a entender que
não há nada no fulano e na cicrana - e isso não tem lá muito sentido. Digamos,
então, que elas estejam cheias de algo que não nos interessa. Ou já nos
interessou, mas agora não tem mais apelo, acontece. Tô só chutando mesmo que
todos parecem estar estafados de tanta ''vaziez'', mas por que esse sentimento, se
teoricamente ninguém é tão vazio assim? Boa pergunta, eu é que não vou
responder.
Er, pensando
bem, eu tenho uma sugestão. Não me culpem, tudo isso é fruto de uma incursão perigosa e
infantil aos diários de um tal Bourdieu - ele que nos diz sermos feitos de capitais. Somos capital, temos capital,
respiramos capital. Somos vivência e isso é tatuagem, não sai. Logo, penso ser
natural que sintamos necessidade de capitais que nos preencham, que nos
instiguem, que nos atraiam. Eu acho natural, por mais que ache meio assustador também, mas a verdade é que somos bichinhos em busca de sensações que aplaquem
nossas errâncias características, portanto, no
drama, baby. Essa coisa de falar na primeira pessoa do plural tá ficando meio
pedante, até parece que eu sei alguma coisa da vida de vocês. Vou voltar pro
singular:
- Prazer, meu nome é volúvel e eu sou volúvel. Eu busco capitais que me alimentem.
Olha, o que eu tô querendo dizer - talvez bem inadvertidamente - é
que a vaziez é só conceitual. Cada um está cheio de alguma coisa e essa coisa
nos prende a atenção por um período cuja duração é uma incógnita. E não há por
que satanizar isso.
Auxiliou no post:
Menino Eddie Vedder, com Long nights e No ceiling.
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