Eu sou uma explicadora. Demorou até cair a ficha, mas agora que caiu, só vai. Em virtude disto, eu tomo no cu de uma forma abismante todos os dias, mas não posso evitar. De ser uma explicadora e de me desgraçar da cabeça. Eu explico. Eu explico de novo. Eu faço questão de explicar. Eu passo por chata. Aliás, passar por chata é eufemismo e gentileza: a chatice aqui já foi somatizada. Tudo porque eu insisto em explicar. Eu contemporizo como ninguém. Vai ver é porque eu sou jornalista. Blé, grande jornalista.
Explicadores sofrem. Sofrem porque explicam. Explicam porque sofrem. E serão assim até o cerrar de suas cortinas devidamente explicadinhas para a plateia. Às vezes, no auge da ingenuidade, me passa a ideia de que eu tinha que deixar as coisas meio no ar, meio bolinha quicando antes de ser raquetada, a fim de, quem sabe, ficar até mais interessante para os que me ouvem. Como se eles fossem ir atrás do que eu deixei pendente quando explicava. Ledo engano. Ninguém se importa. Se foram, não fui informada. Quero explicações, a propósito.
É um joguinho da moeda cruelzinho esse. Porque os explicadores também querem respostas que venham ao encontro de seus anseios explicativos. Eles querem tudo mastigadinho e bem desenhado. Eles querem, esses arrogantes, uma comunicação bem feita. Para eles, isso é o básico, é o mínimo: ora bolas, se fazer entender. Eles não toleram meias explicações, meias verdades, meios fatos. Eles não suportam a bolinha solta no ar, sem saber para que lado da quadra ela vai pender.
Eu explico até quando sei que não vale a pena. Eu explico, mesmo sabendo que possa ser prolixa. Eu explico, porque vai me dando uma coisa louca e romântica como se o que eu digo pudesse mudar alguma vida, alguma sensação. Eu explico e isso tem nome: é expliquitismo agudo. Queria poder me curar.
Auxiliou no post:
Karma police - Radiohead
Explicadores sofrem. Sofrem porque explicam. Explicam porque sofrem. E serão assim até o cerrar de suas cortinas devidamente explicadinhas para a plateia. Às vezes, no auge da ingenuidade, me passa a ideia de que eu tinha que deixar as coisas meio no ar, meio bolinha quicando antes de ser raquetada, a fim de, quem sabe, ficar até mais interessante para os que me ouvem. Como se eles fossem ir atrás do que eu deixei pendente quando explicava. Ledo engano. Ninguém se importa. Se foram, não fui informada. Quero explicações, a propósito.
É um joguinho da moeda cruelzinho esse. Porque os explicadores também querem respostas que venham ao encontro de seus anseios explicativos. Eles querem tudo mastigadinho e bem desenhado. Eles querem, esses arrogantes, uma comunicação bem feita. Para eles, isso é o básico, é o mínimo: ora bolas, se fazer entender. Eles não toleram meias explicações, meias verdades, meios fatos. Eles não suportam a bolinha solta no ar, sem saber para que lado da quadra ela vai pender.
Eu explico até quando sei que não vale a pena. Eu explico, mesmo sabendo que possa ser prolixa. Eu explico, porque vai me dando uma coisa louca e romântica como se o que eu digo pudesse mudar alguma vida, alguma sensação. Eu explico e isso tem nome: é expliquitismo agudo. Queria poder me curar.
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