É curiosa essa história de não gostar de nada muito doce, afinal, açúcar é preferência nacional, não é mesmo? Mas comigo sempre foi assim. Mamãe conta - e talvez esta danadinha seja a culpada - que, quando preparava meu leitinho do crescimento, economizava na glicose - possivelmente já empenhada em me presentear com um spoiler de vida, quem sabe. Pouco açúcar em meus mamás, em meus suquinhos, em meus chás para curar gripe, em tudo. Logo, eu sofria quando ficava sob os cuidados de alguma titia desavisada, dificilmente tomando alguma coisa preparada por elas que pecasse pelo excesso. A coisa deveria conter algum amargor ou nada feito.
Cresci, esse ser humano deveras equilibrado e meigo, mas sigo sem gostar muito de açúcar. Nos dias e nos chás. Assim, não me olhe com essa cara, gosto de doces com convicção, inclusive, como toda ansiosa que se preze, recorro muito a eles em dias de cão, mas em se tratando do meu suquinho sagrado de abacaxi com hortelã: não. Não! Chega de açúcar no meu chá e no meu café também. Blergh. Tem que ter um quê azedo - este, no caso, simbólico pois tais bebidas não são passíveis de serem. Tem que ter um gosto diferente, não sei, Freud talvez explique - sempre ele. Assim como não gosto de colheres cheias de diabetes nas minhas xícaras, também não gosto de gente muito doce, muito calda repugnante. Pode não ser de comum acordo, mas geralmente, pessoas doces demais enjoam sem volta. Se me permitem associar: é como se elas fossem sempre cândidas, sempre protocolares, sempre risonhas - e isso é meio enfadonho, não? Quer dizer, dá dor de barriga.
Leitor, não me condene, não estou dizendo que sou fã de mau humor declarado e do azedo gratuito. Eu gosto é do azedume charmoso, porque, convenhamos, ele sabe ser bem cativante quando esculpido. Eu gosto é da palavra solta sem obviedade e que emudece os cheios de teorias prontas, eu gosto é da frase desaforada. Eu gosto é daquele amargor de quem não se leva a sério e vive meio atordoado pela pequeneza que tem diante da vida: o IBGE garante que os amarguinhos são bem menos arrogantes que os docinhos demais, os bonzinhos demais, os seguros e eficientes demais. Eca, repugnei aqui.
Se você chegou até aqui e ainda está se perguntando o que diabos eu quis dizer com toda essa conversinha fiada, sinto muito: é bem capaz de você andar enjoando meio mundo por aí. Sugiro testar a quantas anda sua taxa de glicose também. Um felzinho despretensioso e maduro é vida. E é prova de que a gente assimilou o jogo. De que a gente segue à espreita, sagaz.
Auxiliou no post:
Beatle George, com Someplace else, Love comes to everyone, All those years ago e I live for you
Cresci, esse ser humano deveras equilibrado e meigo, mas sigo sem gostar muito de açúcar. Nos dias e nos chás. Assim, não me olhe com essa cara, gosto de doces com convicção, inclusive, como toda ansiosa que se preze, recorro muito a eles em dias de cão, mas em se tratando do meu suquinho sagrado de abacaxi com hortelã: não. Não! Chega de açúcar no meu chá e no meu café também. Blergh. Tem que ter um quê azedo - este, no caso, simbólico pois tais bebidas não são passíveis de serem. Tem que ter um gosto diferente, não sei, Freud talvez explique - sempre ele. Assim como não gosto de colheres cheias de diabetes nas minhas xícaras, também não gosto de gente muito doce, muito calda repugnante. Pode não ser de comum acordo, mas geralmente, pessoas doces demais enjoam sem volta. Se me permitem associar: é como se elas fossem sempre cândidas, sempre protocolares, sempre risonhas - e isso é meio enfadonho, não? Quer dizer, dá dor de barriga.
Leitor, não me condene, não estou dizendo que sou fã de mau humor declarado e do azedo gratuito. Eu gosto é do azedume charmoso, porque, convenhamos, ele sabe ser bem cativante quando esculpido. Eu gosto é da palavra solta sem obviedade e que emudece os cheios de teorias prontas, eu gosto é da frase desaforada. Eu gosto é daquele amargor de quem não se leva a sério e vive meio atordoado pela pequeneza que tem diante da vida: o IBGE garante que os amarguinhos são bem menos arrogantes que os docinhos demais, os bonzinhos demais, os seguros e eficientes demais. Eca, repugnei aqui.
Se você chegou até aqui e ainda está se perguntando o que diabos eu quis dizer com toda essa conversinha fiada, sinto muito: é bem capaz de você andar enjoando meio mundo por aí. Sugiro testar a quantas anda sua taxa de glicose também. Um felzinho despretensioso e maduro é vida. E é prova de que a gente assimilou o jogo. De que a gente segue à espreita, sagaz.
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Beatle George, com Someplace else, Love comes to everyone, All those years ago e I live for you
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