Vocês sabem, né? Estar vivo é, digamos, metáfora de aprendizado.
Aprende-se. Erra-se. Convence-se. Erra-se outra vez. Às vezes, nunca se
aprende. O risco é grande, claro, mas, ainda assim, vale a pena. No fundinho,
sempre fica uma lição meio torta, um conselho meio capenga cansado de ser
citado, e pouco seguido, uma experiência que arranca algum sorriso bobo na face
por onde já escorreram tantas lágrimas. Sempre ficam resquícios, marcas,
cicatrizes... que remédio! Pior é sentar na cadeira, esperando alguém chamar
para dançar. Na dúvida, o negócio é dançar sozinho. No escuro, na frente do
espelho pelado ou na festa pavorosa onde só os fracassados ficaram. Ninguém vai
fazer isso por nós, não custa lembrar.
Não se trata de autoajuda
barata, meus caros, mas, sim, de um tutorial honesto para tentar ver paisagens
rosas em paredes que insistem em aparecer cinzas, feias, sem vida. Acompanhem
três constatações que me visitaram, enquanto eu tomava banho, na última noite.
1- SEJA EGOÍSTA:
Com todo o seu coração,
com toda a sua alma, como todo o seu pseudo-amor, com o todo o seu narcisismo
ridículo. Se ame, se valorize, não se negligencie, não se anule, não se
maltrate, não se castigue, não se torne um rascunho de si próprio. Seja seu
melhor amigo sempre, dedique seus minutos preciosos na terra a se conhecer.
Acreditem, isso é muito difícil - ainda mais hoje em dia, com os critérios cada
vez mais abstratos e fora de compreensão. Não escute bandas que não gosta para
agradar seu namoradinho crianção. Não diga sim, querendo dizer não. Não abra
mão de seus projetos por uma pessoa que não pergunta por eles, quando fala com
você. Não perca seu sono por alguém que tem pesadelos com seu rostinho
adorável. Alguém pode até dizer que o conteúdo acima é atestado de
mediocridade, falsa ilusão de superioridade e o diabo a quatro, mas, até que
alguém prove o contrário, o fato é que nós somos nossa única companhia
constante. Nossa única opção real de força e de superação. Nós e nós mesmos,
esse é o jogo. O ônus de tanto "egoísmo" pode até ser a solidão
- esse bicho de sete cabeças - mas, ainda assim, creio ser mais digno.
2- APRENDA A LIDAR COM AS CIRCUNSTÂNCIAS
Pensamentos mudam, conceitos
mudam, sentimentos mudam, o Top10 da MTV muda, o mundo muda, o foco de atenção
a bizarrices muda, o acordo ortográfico muda, os sonhos mudam, os planos mudam,
as vontades mudam, os ídolos mudam e, nós obviamente, mudamos. Não sei se para
pior ou melhor, mas o fato é que mudamos. Sofremos o diabo, mas mudamos, essa é
a ordem natural – o que não quer dizer, entretanto, que não temos palavra,
coração ou princípios, mas, sim, que somos idiotas o bastante para aceitarmos
que a imprevisibilidade da vida é o barato dela, é a grande sacada. Nós
teimamos em fazer planos, criar laços, mas a verdade é que morremos de medinho
das circunstâncias, uma vez que elas têm poder, uma espécie de lugar cativo no
armário de cada um. São monstras na arte de dar na nossa cara e sair abanando
como se nada tivesse ocorrido. Creio que seja prudente fazer amizade e
chamá-las para um happy hour,
em vez de praguejá-las. Elas costumam jogar a nosso favor, quando bem
recebidas. Acolha essas chatas e pronto.
3- NÃO SE "ENTREGUE"
Por mais que haja uma
sucessão de dias ruins, por mais que chova na hora de você sair de casa, por
mais que você perca o ônibus e seja obrigado a andar 90 km, por mais que todos
façam questão de azedar seu dia. Insista. Brigue. Perservere. Não se entregue!
Peleie. Lute. Quando algo der errado, ria de si mesmo, da situação, e recomece.
Refaça, retome, reorganize estratégias. Não desista do que quer. Ou desista,
sei lá, às vezes as desistências também trazem algo de bom. O fato é que eu tô
querendo dizer, aqui, com esse textinho fuleiro parecido com aqueles milhares
que correm as compartilhações facebookianas
é que sempre deve haver tentativas. A gênia agridoce, aqui, só se deu conta
agora, mas, realmente, nessa vidinha, só comemora quem arrisca. Tenta, quebra a
cara, chora desconsolado, ri enlouquecidamente. Em outras palavras: não se
entrega.
Comentários