De todos os caras tidos
como herois pela nação - e que tive que estudar no colégio - Joaquim José da
Silva Xavier foi o que mais me cativou, desde sempre. Nunca soube explicar a
admiração que nutro pelo Joca. Não
sei se foi em virtude de sua mineirice
(amo esse povo, uai!), de sua audácia de ter peitado a Coroa em uma época tão
sanguinária quanto a do Ciclo do Ouro, ou de sua alcunha tão simpática –
Joaquim, como é sabido da massa, era
conhecido por ''Tiradentes'', pois ganhava a vida extraindo dentições do povo
carente da bela São João Del Rey e imediações.
Enquanto me perdia
viajando pela Inconfidência Mineira, pela Conjuração Baiana, pela Revolução
Farroupilha, entre outras, a imagem do Seu Joaquim José e sua saga polêmica em
Minas viveu corroendo meu discernimento estudantil. Qual era a dele? Pagou pela
revolta toda unicamente pelo fato de ser um Zé Ninguém? Seu fim melancólico poderia ser considerado cenário para esse presente medíocre que vivemos, no qual se insiste em ignorar a justiça e se pune severamente só os que não possuem
influência e verdinhas no bolso? No fundo, é possível notar que Joaquim e sua sina brasileira
permanecem mais atuais do que nunca. Ele constitui-se em um heroi genuíno, porque
rebelou-se diante do opressor, mesmo não tendo costas quentes. Se analisarmos um pouco
do nosso passadinho verde-amarelo, veremos que muito burguesinho
revolucionário por aí – e enaltecido às raias do fanatismo - ficaria no chinelo, no quesito “bravura”: sem
lenço nem documento, Tiradentes dormia ao relento, ignorando distinção e herança
cultural europeia - ao contrário de um tal Bento, por exemplo. Será
que não é hora de repensar o conceito de heroísmo dessa pátria, caríssimos?
Foi no dia 21, sei que
estou atrasada. Mas, ainda assim, deixo aqui meu sincero sentimento de respeito
e gratidão à memória dessa figura que
nos agraciou com mais um dia ocioso no calendário - mesmo que possivelmente nem fosse
sua pretensão. Que possamos, por fim, ter um pouquinho do espírito dele, alimentando o pensamento, deixando vir à tona a rebeldia de quem clama por dias melhores: nem só de feriados se constroi felicidade, não custa
lembrar...
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GK