"Lute pelo que você quer". Tá aí um imperativo que sempre me intrigou. Ele e suas variantes, claro: "lute pelos seus sonhos", "lute pelos seus objetivos", "lute por aquele cretino que você acha que é o amor da sua vida". Em se tratando do amor da vida, que, carinhosamente, chamaremos de cretino, o intrigômetro explode em mil pedacinhos e me presenteia com uma bela e penetrante dor de cabeça. Lutar é subjetivo demais, não acham? Luta-se com armas ou flores? Com palavras ou atitudes? Lutar me parece tarefa indigesta, pois remete ao sentido de guerra, e nem sempre tenho certeza de que meu contingente emocional vai dar conta do serviço.
Quando eu era mais nova, ficava viajando na maionese sobre o tema. Uma infância povoada por filmezinhos de romance e leituras água-com-açúcar fez isso comigo. Em meio aos clássicos "felizes para sempre" e "era uma vez", a metáfora do "lute" sempre se sobressaiu dentro da caixola e me convidou aos pensamentos mais extremistas. Para mim, continua um pouco assim, mas o fato é que cada um interpreta do jeito que bem quiser. Lutar pode ser lançar uns olhares e palavras grudentas no ar, deixando o acaso - essa raposa sagaz - agir, mas também pode ser perseguir o cara na rua, descobrir onde ele mora, voltar lá 1726 vezes e dizer que precisa dele mais que tudo na vida. Talvez até - como bom dramalhão da Televisa - ajoelhar-se e chorar copiosamente em frente à criatura, e pontilhar sua passagem pela escada de casa com rosas vermelhas. Pelo que me parece, o tal ato de lutar deve configurar-se em um escore razoável de sofrimento, se não, meus caros, tudo indica que não se trata de "peleia" e, logo, não se merece o "território".
O fato é que nunca se sabe se as estratégias estão certas, se a luta vai valer a pena, ao menos, ou vamos nos arrepender amargamente de ter desejado uma medalhinha de honra ao mérito. Não se sabe sequer se há validade para o embate: há os que lutam anos, e nem um incentivo ganham; há os que desistem na primeira topada com o inimigo - e talvez estes estejam mais lúcidos que o resto do exército, vai saber. Há os que lutam em silêncio e há os que gritam suas batalhas para quem quiser ouvir. Em suma: poucas glórias, muitos desertores.
Quando eu era mais nova, ficava viajando na maionese sobre o tema. Uma infância povoada por filmezinhos de romance e leituras água-com-açúcar fez isso comigo. Em meio aos clássicos "felizes para sempre" e "era uma vez", a metáfora do "lute" sempre se sobressaiu dentro da caixola e me convidou aos pensamentos mais extremistas. Para mim, continua um pouco assim, mas o fato é que cada um interpreta do jeito que bem quiser. Lutar pode ser lançar uns olhares e palavras grudentas no ar, deixando o acaso - essa raposa sagaz - agir, mas também pode ser perseguir o cara na rua, descobrir onde ele mora, voltar lá 1726 vezes e dizer que precisa dele mais que tudo na vida. Talvez até - como bom dramalhão da Televisa - ajoelhar-se e chorar copiosamente em frente à criatura, e pontilhar sua passagem pela escada de casa com rosas vermelhas. Pelo que me parece, o tal ato de lutar deve configurar-se em um escore razoável de sofrimento, se não, meus caros, tudo indica que não se trata de "peleia" e, logo, não se merece o "território".
O fato é que nunca se sabe se as estratégias estão certas, se a luta vai valer a pena, ao menos, ou vamos nos arrepender amargamente de ter desejado uma medalhinha de honra ao mérito. Não se sabe sequer se há validade para o embate: há os que lutam anos, e nem um incentivo ganham; há os que desistem na primeira topada com o inimigo - e talvez estes estejam mais lúcidos que o resto do exército, vai saber. Há os que lutam em silêncio e há os que gritam suas batalhas para quem quiser ouvir. Em suma: poucas glórias, muitos desertores.
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GK