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Quem tem medo da "filosofada"?

          Acho uma graça quando flagro estudantes de curso superior - tidos como a parcela pensante da sociedade - bradarem que "sociologia e não sei mais o quê" é conversa para boi dormir. Ou que as filosofias e suas derivadas são matérias inúteis, cujos períodos merecem ser matados com prazer. Lindo de ver! Nesses momentos, sou deveras inundada por um orgulho tupiniquim indescritível: dá gosto fazer parte de uma geração assim, hein? Sigam sendo essa expressão de intelectualidade que enche os olhos. Parabéns!
           O fato é que na academia somos instintivamente impelidos a devorar conhecimentos práticos e ficar a par dos meandros de atuação que escolhemos - aqui entram jargões da profissão, relações de poder, entre outros. Bucamos efetivamente ter noção da "massa de manobra" de que faremos parte no futuro e suas correlações com outras áreas do conhecimento. Ok, é natural, no fundo, sabemos que só o trabalho intere$$a e só através dele teremos valor perante à sociedade. Mas ainda assim, me recuso a acreditar que um "ser pensante desses" ache que o carro-chefe de uma formação superior abarque exclusivamente isso. Estamos lidando com quem afinal? Robôs que apenas executam tarefas?
            Não se trata de menosprezar o "saber fazer", claro. Mas também não se pode negar que muitas ações livres de seus "territórios" e repetidas à exaustão são passíveis de serem assimiladas por qualquer um por aí - ainda que tal criatura nunca tenha pisado em um corredor de faculdade. Ok, não vou generalizar. E também não vou voltar atrás: a essência do "saber fazer" é frágil e vocês sabem disso. Em meio a toda essa contradição, penso que a diferença básica entre qualidade e mediocridade resida no ato conhecido como reflexão. Já ouviram falar? Pois é, anda meio negligenciado, mas, ainda assim, creio ser força motriz rumo a um trabalho de qualidade.
             Claro, não defende-se, aqui, a ideia de juntar uma dúzia de desocupados na pracinha para discutir Nietzsche, Weber, Marx e afilhados, enquanto a economia grita imponente lá fora, chamando a viver dentro da selva. Essa reflexão, leia-se "troca de ideias", deve entranhar-se em nós, a fim de cimentar prática e teoria - conhecidos pólos que, seguidamente, parecem se estranhar. Definitivamente, uma nação que condena quem se doa à clássica "filosofada" não merece nada além de serviço medíocre.


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