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Sobre certezas e cacholas

           Estava eu, bem bela, lendo uma crônica da Martha - aquele ser adorável - quando me dei por conta de que há anos-luz, tenho escrito erroneamente uma certa palavra. Justo eu que sou uma chata com tudo que escrevo, parecendo um xerifezinho nerd da escrita, justo eu???????? Pois é, cuidado nem sempre se converte em isenção ao erro. Ando errando. E errando lindamente. Vamos aos fatos e ao mea-culpa habitual. Vocês sabem, se não tiver mea-culpa, não é agridoce.
            Lá pelas tantas da minha leitura, Marthinha falou em "cachola", e, com toda certeza, fazia menção a isso que trazemos grudado em nossos pescoços. "Cabeça", concluí, atônita. Opa, como assim "cachola"? Cachola é cabeça então? Mas não era "caixola"? Não, cara afobadinha, isso é uma caixa pequena. Cabeças sempre foram cacholas. Caixinhas sempre foram caixolas. E você... bem, você sempre pensou errado a respeito. Que coisa, não? Tirando esse meu erro ingênuo e bem intencionado, o fato é que essa tal conversa pra boi dormir me fez pensar. Sempre tive "certeza" de que me referia a cérebros do modo correto, porém, que surpresa, minha verdade era uma baita mentira. Convicta da minha certeza fajuta, não olhei para os lados, não quis nem saber, escrevi e deu. Guardadas as proporções, creio que, realmente, acreditamos no que queremos acreditar. E dane-se o resto.
             O problema são os poréns que vêm a tiracolo. O depois. Os lados que não foram vistos e analisados friamente. Que remédio! Você jurava que era amada e seu maridinho era fiel, mas - vejam só - levava chifres desde 1998. Você jurava que sua amiga era de fé, mas ela era uma das amantes do seu marido, desde o ano citado. Você jurava que havia quitado a conta de luz, mas acabou no escuro no melhor episódio da sua série favorita. Você jurava que a capital da Lituânia era Bruxelas, poderia, em um senhor exercício de abstração, catar Bruxelas no mapa mundi, como assim Bruxelas fica na Bélgica e você entrou em uma discussão idiota à-toa???? Tem alguma coisa errada, assim como tinha no meu caso. Pode ter sido gana de acertar, claro, mas talvez tenha sido a tal visão bitolada; aquela que impede qualquer movimentação dos olhos além do que se quer ver.
              Não há nada demais em errar. Beleza, acertamos na próxima. Eu, por exemplo, poderia muito bem ter consultado um dicionário, ou até mesmo catado algo que me desse subsídio na própria internet, mas para que, não é mesmo? Eu tinha minha verdade e ela era absoluta. Que rasteira, hein? Bom, sempre fica alguma liçãozinha. Certezas são ardilosas e nem sempre jogam a nosso favor. Ah e preciso fazer as pazes com o meu amado dicionário - que foi relegado ao ostracismo. Até me deu uma baita dor de cachola com toda essa confusão.



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