Pular para o conteúdo principal

Vou pra onde, José?



Vou dormir a tarde inteira. Vou à padaria da esquina comprar um pedaço daquela torta de chocolate que piscou pra mim na última quinta. Vou comprar uma jaqueta de couro e estourar o limite desse cartão de crédito filho-da-mãe. Vou embora pra nunca mais voltar. Vou ficar e nenhuma dúvida deixar. Vou aproveitar um dos meus desenhos de roupa esquecidos nos anos 2000 e customizar, finalmente, aquela bendita saia. Vou agarrar aquele idiota pelo pescoço e encher de beijos, antes mesmo de ele vir me cumprimentar com mais um "oi" burocrático e comportado.
Vou escutar boleros do Luis Miguel e me lavar chorando pra ver se essa dor crônica de amor passa. Vou gritar na janela do apartamento que na próxima quarta-feira eu vou encher a cara e vai ser com vodka. Vou reler o livro do Tony Bellotto e tentar imaginar cenas menos safadas e mais românticas. Vou baixar a discografia do Sublime. Vou semear a discórdia e dizer pra vizinha que cansei dos barracos dela e do seu cônguje. Vou lavar meu cabelo e me arrumar pra festa de mais tarde ao som de Ultraje a Rigor. Vou me matricular no judô, porque o professor que vejo dando aulas é lindo. Vou estudar Ética Jornalística. Vou ser mais cachorrona e fingir que não tenho sentimentos. Vou chamar as amigas das antigas pra uma "noite das gurias" com muita pizza e vinho.
 Vou me acabar dançando Erasure no tributo aos anos 80. Vou tentar cozinhar a receita da minha tia e não envergonhar a família com minha total falta de intimidade com as panelas. Vou dizer que acho ele a cara do Landon Carter, de "Um amor pra recordar", e ver se isso leva a um pedido de casamento instantâneo. Vou guardar meu bom senso em alguma gaveta da escrivaninha da sala e jogar a chave fora. Vou comer mais maçã verde. Vou levantar cedo, ir pro salão e só sair de lá quando me achar gostosa o suficiente. Vou confessar que sou meio louca, mas sou um docinho de menina e não vou implicar com a escalação do CartolaFC de toda semana. Vou fazer uma tatuagem com a frase “Frankly, my dear, I don’t give a damn” em homenagem ao Clark Gable.
Vou adotar um gatinho e batizá-lo de Joey. Vou continuar escrevendo o roteiro do meu filme independente intitulado “As três ex-noivas”. Vou locar algum filme de comédia pra rir como se não houvesse amanhã. Vou parar de me irritar com gente puxa-saco e começar a achar isso lindíssimo e fofo. Vou cortar o cabelo curtíssimo e pintar de vermelho. Vou colocar um biquini e dançar nessa chuva linda que se anunciando. Vou correr na avenida e imaginar que tô na orla de Ipanema. Vou te prometer amor até o fim dos meus dias e tentar cumprir. Ah e vou atualizar o Criatura Agridoce - depois que parar de escrever abobrinhas, claro.



Comentários

Unknown disse…
VO PARAH DE COMENTAR PQ JAH TAH FIKANDO CHATO! SÓ EU ADMIRO TEU BLOG?! "AI, HELLO, GENTE" HEHEHEHEHEH

Postagens mais visitadas deste blog

5 ANOS DE BLOG - PARTICIPE DA PROMOSHARE

Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima:                         #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive