Aí, ontem, numa destas provas de seleção da vida, veio a tiracolo na prova, um texto incrível da Cláudia Laitano. Puta crônica! Tanto gostei do pensamento da Dona Clau, que, após a leitura, fiquei tentada a ovacioná-la. É, aplaudir mesmo, eu e a prova, barulhão e tudo. Mas fiquei na minha, porque né, não preciso de mais motivos para ser tachada de louca. Só fiquei pensando: que baita cronista essa mulher! E aí, enquanto eu viajava nas questões de Português, fiquei a pensar, de soslaio, quase que inconscientemente, nesta ingrata - porém deliciosa, admito - tarefa de ser cronista. Porque o cronista é um atirador de opinião. Ele fica ali, na dele, observando, emprestando um olhar crítico, tentando promover uma reflexão de um jeito engraçadinho e cativante ao seu eleitorado. E, inevitavelmente, muito da sua credibilidade acaba vindo da sua atuação profissional de antes do delicioso e libertador ato de simplesmente escrever, sei lá, uma coluna no suplemento do jornal de sábado.
Mas, pera lá, não quer dizer que os cronistas estejam em uma posição de destaque única e exclusivamente pelo acaso do destino: é evidente que muitos deles são ótimos. Mas talvez alguma centelha de suas famas, a exemplo da Claudinha, tenha pegado carona em anos de labuta como repórter ou editor em uma redação de prestígio. Em alguns casos, o cara era cantor, teve uma carreira promissora na música, sendo convidado, anos mais tarde, a dar pitacos num jornal de renome nacional. O que o impede? Ou o cara fez tantos gols nos Paulistões da vida, que acabou como um ás da coluna esportiva no Estadão. Quem pode culpá-lo? Eu diria que a crônica é um dos gêneros mais democráticos que existem, estando ao alcance de qualquer zé que sinta necessidade de poetizar o cotidiano. Ou criticá-lo ferozmente, que mané poesia, moça! Munido de uma observação decidida e uns parágrafos fazendo gracejo, não há impedimento. É só escrever - e tal exercício exorciza, vocês hão de convir comigo.
Um dia após a final da Copa do Brasil de 2001, o conhecido da crônica esportiva gaúcha - e gremista até dizer chega - Paulo Sant'Ana, no auge da emoção pelo tricolor haver copado o torneio, não teve dúvidas: fez do seu texto uma canção de uma nota só. Tratou de escrever umas trocentas vezes o nome de um dos heróis (dizem, não me lembro do jogo, muito embora eu tenha assistido a uns lances) do título, o tal Marinho - zagueiro que jogou na Azenha nos anos de 2000 e 2001 - e estava feita a crônica da celebração. Pra que mais? Deixa ele, pô, ele estava regozijado com a atuação do Marinho. Percebem? É como se o coleguxo da Cláudia Laitano estivesse usufruindo de uma espécie de licença-cronística, uma vez que, em virtude de anos de amor à camisa, ele simplesmente podia escrever o que bem entendesse. No caso, uma declaração ao xerifão, por que não? E eu, que sou apenas uma anônima com boas intenções, entro no mundo dos cronistas celebrados por que porta mesmo? Vou eu escrever umas vinte linhas de croissant de chocolate, croissant de chocolate, croissant de choc... e vocês vão me tacar pedras. Eu tenho que comer muito feijão para poder, eu sei. Sorte minha que eu tenho fome. Muita fome.
Auxiliou no post:
You got it - Roy Orbison
Mas, pera lá, não quer dizer que os cronistas estejam em uma posição de destaque única e exclusivamente pelo acaso do destino: é evidente que muitos deles são ótimos. Mas talvez alguma centelha de suas famas, a exemplo da Claudinha, tenha pegado carona em anos de labuta como repórter ou editor em uma redação de prestígio. Em alguns casos, o cara era cantor, teve uma carreira promissora na música, sendo convidado, anos mais tarde, a dar pitacos num jornal de renome nacional. O que o impede? Ou o cara fez tantos gols nos Paulistões da vida, que acabou como um ás da coluna esportiva no Estadão. Quem pode culpá-lo? Eu diria que a crônica é um dos gêneros mais democráticos que existem, estando ao alcance de qualquer zé que sinta necessidade de poetizar o cotidiano. Ou criticá-lo ferozmente, que mané poesia, moça! Munido de uma observação decidida e uns parágrafos fazendo gracejo, não há impedimento. É só escrever - e tal exercício exorciza, vocês hão de convir comigo.
Um dia após a final da Copa do Brasil de 2001, o conhecido da crônica esportiva gaúcha - e gremista até dizer chega - Paulo Sant'Ana, no auge da emoção pelo tricolor haver copado o torneio, não teve dúvidas: fez do seu texto uma canção de uma nota só. Tratou de escrever umas trocentas vezes o nome de um dos heróis (dizem, não me lembro do jogo, muito embora eu tenha assistido a uns lances) do título, o tal Marinho - zagueiro que jogou na Azenha nos anos de 2000 e 2001 - e estava feita a crônica da celebração. Pra que mais? Deixa ele, pô, ele estava regozijado com a atuação do Marinho. Percebem? É como se o coleguxo da Cláudia Laitano estivesse usufruindo de uma espécie de licença-cronística, uma vez que, em virtude de anos de amor à camisa, ele simplesmente podia escrever o que bem entendesse. No caso, uma declaração ao xerifão, por que não? E eu, que sou apenas uma anônima com boas intenções, entro no mundo dos cronistas celebrados por que porta mesmo? Vou eu escrever umas vinte linhas de croissant de chocolate, croissant de chocolate, croissant de choc... e vocês vão me tacar pedras. Eu tenho que comer muito feijão para poder, eu sei. Sorte minha que eu tenho fome. Muita fome.
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