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Putz, pior que eu adoro Wave

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim cantou milhares de vezes que ''é impossível ser feliz sozinho'', mas se esqueceu de mencionar que a gente pode dar boas risadas sem ninguém. É, eu sei que o texto que se desenha é uma piada pronta - daquelas que algum casal miguxo por aí, com perfil compartilhado em rede social, talvez vá ler e comentar em voz baixa: ''pobre menina sem amor, né, benhê?''. Daí, quem sabe, eles postam uma selfie tomando sorvete e encerram o dia, desejando boa noite com algum salmo. O amor é creyço e lindo, sabemos. E eu é que sou uma invejosa.
Eu não sei quando foi que o amor foi institucionalizado, mas sei que é realmente um fardo. A união de duas pessoas é vista como sinal de maturidade, de credibilidade, quiçá até de bom caráter. Não tô praguejando os casais, queridos, apenas convidando-os a emprestar um olhar mais crítico à temática. Pobre de quem não quer se prender a ninguém, não quer namorar, não se sente desesperado por companhia... estes serão fulminados a cada jantar de família, a cada roda de conversa regada a um bom e velho chimarrão (blergh), porque o fato é que tais encontros servem única e exclusivamente para gerar notícias de nós mesmos... fofoca, sabem? Aliás, não é nem a questão de NÃO querer, e, sim, a ideia de não admitir ter pouco, ter uma quase companhia, ter um rosto até agradável para passar as horas, mas que será esquecido assim que o álcool acabar. Sinceramente, ter companhia nem sempre é ter um alguém especial ao lado. Dispenso rótulos só para acalmar os ânimos de vovós e titias ávidas por doces de casamento.
Curioso - para não dizer machista mesmo - é que geralmente o peso do comprometer-se é sentido mais pelas moças. Meninas que estudam, falam idiomas, trabalham, viajam, têm bandas, promovem debates, são antenadas, espirituosas, massssssss... que, poxa, se não tiverem um namoradinho a tiracolo, não valerão nada. Ou, melhor, até valerão, mas bem pouco. Tão encantadora, mas por que não arruma um homem? Será que nunca é cogitada a hipótese de que ninguém teve cacife ainda para conquistá-la? De que ela não quer dividir sua vida com qualquer palerma? E vamos combinar: nunca os palermas se reproduziram tanto, é quase epidemia.
Já quando é o contrário - quando o moçoilo é o rei dos solteiros - a ideia acima é a mais aceita: nenhuma foi boa o bastante ainda para ele. Um solteiro, excetuando-se algumas situações, nunca será alvo de piadas, de opiniões jocosas por parte das pessoas. Algumas até darão a dica: cobiçadíssimo. Algo realmente muito justo. Olha, sociologicamente falando, existe a necessidade de nos organizarmos em clãs, é da ordem natural do ser humano enquanto célula de uma ''sistema'' - ok, você nasce, cresce, se reproduz, trabalha para um chefe mafioso mil anos, morre e fim. Ok, entendemos a lição, tio, só acho que ela anda meio antiquada. Tipo perfil conjunto de casal. Putz, pior que eu adoro Wave. 



                                                      Shhhhh, fica quieta, que tu não sabe nada!







Comentários

Cris Otto disse…
Sim, reuniões de família são sempre cheias de: "Mas e tu Cris, não tá namorando?? Deve bater uma invejinha do teu primo, que já está casado e com uma filha, né?"
Pfvr, vão se catar! Eu amo meu primo, mas ele tem a minha idade e nem acabou o ensino médio, objetivos de vida totalmente diferentes, não sei porque ainda tentam comparar.
Bruna Castro disse…
Te entendo total, Cris, é de uma mentalidade que me apavora... e isso que tu citou vem bem ao encontro do que eu escrevi no texto, sabe, como se houvesse uma necessidade louca de sair constituindo família, criar laços, etc, sem nem ao menos, às vezes, ter uma base psicológica, cultural, financeira, sei lá..

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