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Sobre a perda - e um texto reconfortante

Poucas coisas devem doer tanto quanto sentir um corpo sem vida entre os braços. Ou deve haver algo, não sei, não vou entrar no mérito de discutir pesos de dores com que topamos pelo caminho. Todas são únicas no que nos mostram e nos ensinam. Todas doem e para cada um é diferente. Enfim, perdi meu bichinho de estimação recentemente (não vou referenciar nada com datas, pois estou fazendo o possível para deletar alguns momentos do meu pensamento) e tem sido uma experiência muito difícil. Estive em um estado de atordoamento como, há muito, não via. Não que eu não me reconhecesse - guardadas as proporções, sempre fui sanguínea além da conta -, só não conseguia organizar as ideias, fiquei completamente transtornada. Conjugar quem se ama no passado é uma coisa absurdamente cruel.
Mas, aos poucos, percebo que preciso me ajudar. Eu, felizmente, tenho saúde e muito amor no coração pelos felinos. Eles ainda existem e estão à mercê da boa vontade humana nas ruas. O jeito como adotei meu amor me faz acreditar que existem, sim, encontros providenciais na vida da gente. Não sei quem comanda isso: um Deus, o universo, um conjunto de ações previamente arquitetadas, não sei. Vou esperar algum sinal, porque não vou desistir de tê-los em meu cotidiano - confesso que pensei nisso. Vou ser mamãe de novo, sim. Necessito ressuscitar meu bichano em outro ronronar. Necessito transmutar essa saudade maldita em algo bom.
Como contei aqui em alguns textos, o Joey foi meu primeiro gato, nunca tinha tido nenhum por variados motivos - entre eles, o de achar que eram ''difíceis de lidar e me arranhariam por qualquer coisa''. Ah... bendito Joey, que me provou o contrário e me atacou violentamente com um amor do qual eu não suspeitava. Descobri em mim um carinho que tinha ficado à margem por tanto tempo e foi um choque de sentimentos maravilhosos. No mais, eu só posso sentir gratidão por ter sido dona de um serzinho tão peculiar e fascinante. Por ter contado com uma companhia tão presente, tão singular, tão única em muitos momentos ruins. O Joey foi um sonho bom, foi uma existência de luz, foi uma vida que mudou outra vida. Ele mexeu profundamente com o meu entendimento em uma série de coisas. Meu coração, aos poucos, vai se acalmando, vai ter que. E meu gotoso vai seguir existindo aonde eu for. Eu preciso acreditar nisso. 



Abaixo, eu trago um texto muito interessante sobre espiritualidade e felinos que, segundo minhas pesquisas, é de um livro estrangeiro sem tradução completa no Português. Vou mantê-lo na fonte original, e, caso tenham informações mais precisas a respeito, não hesitem em me dar um toque...        

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não topa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem.
Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago.
A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado.
É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.
O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem.
Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode, ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós.
Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe “ler” pensa que “ele” não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.
O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluídos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado.
O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção.
Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências.
Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato! Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga.
Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata.
Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo.
O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo.
Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal.
Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra.
Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.
O gato é uma chance de interiorização e sabedoria, posta pelo mistério à disposição do homem.
O gato é um animal que tem muito quartzo na glândula pineal, é portanto um transmutador de energia e um animal útil para cura, pois capta a energia ruim do ambiente e transforma em energia boa, – normalmente onde o gato deita com frequência, significa que não tem boa energia – caso o animal comece a deitar em alguma parte de nosso corpo de forma insistente, é sinal de que aquele órgão ou membro está doente ou prestes a adoecer, pois o bicho já percebeu a energia ruim no referido órgão e então ele escolhe deitar nesta parte do corpo para limpar a energia ruim que tem ali. Observe que do mesmo jeito que o gato deita em determinado lugar, ele sai de repente, poi ele sente que já limpou a energia do local e não precisa mais dele.
O amor do gato pelo dono é de desapego, pois enquanto precisa ele está por perto, quando não, ele se afasta.
No Egito dos faraós, o gato era adorado na figura da deusa Bastet, representada comumente com corpo de mulher e cabeça de gata. Esta bela deusa era o símbolo da luz, do calor e da energia.
Era também o símbolo da lua, e acreditava-se que tinha o poder de fertilizar a terra e os homens, curar doenças e conduzir as almas dos mortos. Nesta época, os gatos eram considerados guardiões do outro mundo, e eram comuns em muitos amuletos.
“O gato imortal existe, em algum mundo intermediário entre a vida e a morte, observando e esperando, passivo até o momento em que o espírito humano se torna livre. Então, e somente então, ele irá liderar a alma até seu repouso final.”

Fonte: The Mythology Of Cats, by Gerald & Loretta Hausman




Comentários

Unknown disse…
Tenho um amigo que sempre me 'zuava' por essa paixão que tenho por gatos. Sempre fazia brincadeiras como "mas eles não obedecem como os cães", " eles se apegam ao lugar, não ao dono". Pois bem, seguiu pensando assim, até um serzinho abandonado cruzar seu caminho; adotou o gatinho, e nem preciso dizer que hoje é apaixonado por ele. São seres maravilhosos, não tem como não amar. E acredito veementemente que quem compaixão pelos bichos não tem, bom sujeito não é. Ótimo texto ;)
Bruna Castro disse…
Amadinha, sei que tu me entende de coração. Na verdade, qualquer um que tenha tido a dádiva de se dedicar integralmente a um bichano sabe do que eu tô falando. Obrigada pelas tuas palavras de conforto. Como a história do teu amigo confirmou, ninguém fica imune a eles, se se doar de coração, são bichinhos inenarráveis. Aqui, até cabe um desabafo: que mania mais tacanha compará-los a cães. Que gente bem infame! Querer que uma espécie aja igual a outra completamente diferente, sem ter a sensibilidade de entendê-la naquilo que tem de mais especial. Só posso sentir pena pela pequeneza...

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